Academia 26.05.2025 16H27
Do laboratório para a segurança do futuro. Investigadora da UMinho premiada por inovação em baterias
Tecnologia desenvolvida por Maria Inês Monteiro desliga automaticamente baterias em risco de incêndio e foi distinguida como a melhor tese de mestrado em energias renováveis pela APREN.
Maria Inês Monteiro, doutoranda em Engenharia de Materiais na Universidade do Minho, venceu o Prémio APREN para Melhor Tese de Mestrado em Energias Renováveis com um projeto inovador que propõe uma tecnologia de proteção térmica para baterias de lítio, com potencial para aumentar a segurança em equipamentos como carros elétricos e telemóveis.
A solução desenvolvida no seu mestrado baseia-se em pequenas esferas com cápsulas termoplásticas que reagem ao aumento da temperatura. Em entrevista ao UMinho I&D, a investigadora detalha que as esferas "têm uma cápsula plástica com um líquido no interior. Quando a temperatura sobe, o líquido transforma-se em gás, a esfera expande e desagrega os componentes do eléctrodo, cortando a condutividade iónica e elétrica da bateria".
A tecnologia tem aplicações diretas na prevenção de incêndios e explosões, cada vez mais reportados em dispositivos com baterias de lítio. “Temos pessoas que usam estes veículos e, com o aumento da capacidade energética, existe um risco maior de incêndio e explosão”, alerta.
A tese vencedora foi desenvolvida no Centro de Física e Química da UMinho, e embora ainda não tenha despertado contactos diretos da indústria, os materiais utilizados já estão presentes em baterias comerciais como as da Tesla.
Atualmente no primeiro ano de doutoramento, Inês Monteiro está a trabalhar numa nova abordagem de proteção térmica com mecanismos reversíveis, que permitem que a bateria volte a funcionar após o aquecimento extremo. "Eu não destruo o eléctrodo. Consigo manter o funcionamento dele. Ele desliga e volta a ligar", pormenoriza.
Apesar de reconhecer que países como a China estão tecnologicamente mais avançados, Inês acredita no potencial nacional. "Nós temos tudo. Só que falta investimento, equipamentos e acesso a materiais. É preciso mais apoio à investigação", finaliza.
A investigação integra a agenda estratégica Battery 2030+, focada no futuro das baterias inteligentes na Europa.