Regional 17.06.2019 15H24
EB1 de Pedralva encerra no próximo ano lectivo
Com apenas 14 alunos inscritos, Escola Básica da Freguesia de Pedralva vai encerrar as portas. Alunos serão deslocados para Espinho. População local manifestou-se na reunião de câmara desta 2ª feira.
Com apenas 14 alunos matriculados para o ano lectivo 2019/2020, a Escola Básica de Pedralva não vai voltar a abrir as portas em Setembro. Os alunos serão colocadas na escola de uma freguesia vizinha, Espinho, tendo o transporte assegurado. Esta segunda-feira, alguns habitantes de Pedralva surgiram na reunião de câmara para contestar a decisão.
A decisão final é tomada pela DGEstE (Direcção-Geral dos Estabelecimentos Escolares) e não pela Câmara Municipal de Braga, mas a população de Pedralva considera que o município podia ter feito mais para evitar esta situação. A oposição saiu em defesa dos pedralvenses que aproveitaram o momento para denunciar que a freguesia está votada ao "abandono" e esquecida pela Câmara Municipal de Braga.
As inscrições terminaram na passada sexta-feira e junta de freguesia e encarregados de educação não conseguiram convencer mais famílias de Pedralva a matricular naquela escola básica os seus filhos. Segundo testemunhos ouvidos no final da reunião de câmara, há crianças suficientes para assegurar a continuidade do ensino naquela escola, mas o número de inscritos (14) está longe dos 21 exigidos pela DGEstE para manter as portas abertas, ainda que em regime de turmas mistas como já estava a acontecer naquela freguesia.
"Pedimos que não levem só o lixo para Pedralva"
Bernardete Antunes, porta-voz dos encarregados de educação presentes na reunião de câmara desta segunda-feira, dirigiu-se ao presidente do município e à vereadora da Educação para prometer que no próximo ano lectivo a população vai "tentar cativar os pais que estão a inscrever fora as crianças", apelando a "uma oportunidade" para contrariar esta tendência. "Se bem se recorda (dirigindo-se a Ricardo Rio), quando foi à nossa freguesia no acto eleitoral, um dos focos que nos apresentou foi a situação da educação e questiono o que é que a câmara proporcionou à nossa freguesia", começou por denunciar Bernardete Antunes que pediu "apoio, quadros qualificados e computadores novos para a escola". "Pedimos que não levem só o lixo para Pedralva, porque nos últimos anos temos tido aterro sanitário e linhas de alta tensão", criticou.
Reconhecendo que o regime de turmas mistas (alunos de diferentes anos lectivos na mesma sala com apenas um professor) "não é o ideal", estes pais dizem estar dispostos a trabalhar para tentar inverter esta situação.
Partido Socialista quer "repetir feito conseguido na Escola de Coucinheiro"
Os vereadores do Partido Socialista voltaram a atacar o trabalho da coligação. Artur Feio recordou que no passado o PS "conseguiu inverter o encerramento na Escola de Coucinheiro", acreditando que
é possível "repetir o cenário" em Pedralva. "O PS está disponível para ajudar naquilo que for necessário porque não podemos desertificar mais uma das nossas freguesias. Pedralva tem sido nos últimos anos muito penalizada e entendemos que devemos todos arranjar aqui uma solução", disse o socialista.
O PS lamenta a forma como o executivo de Ricardo Rio geriu esta situação. Liliana Pereira recordou o alerta deixado aquando da aprovação da Carta Educativa, considerando que a câmara podia ter evitado este problema. "Já temos vindo a apontar que esta vereadora da Educação tem medo de tomar decisões difíceis. É preciso agir com tempo, a comunidade educativa está frustrada", vincou.
"Pela qualidade do ensino é sempre preferível que sejam separados os níveis de escolaridade, mas a questão só se colocou porque é em cima de tempo. Isto tem de ser feito atempadamente. A vereadora da Educação devia ter feito uma reunião com os pais há muito mais tempo, em Janeiro ou em Fevereiro", sugeriu.
"A CMB não pode continuar refém de factos consumados" - Vereador da CDU
Carlos Almeida afirma que "a CMB não pode continuar refém de factos consumados e esperar que ocorram as inscrições para perceber que a escola tem de encerrar". Referindo-se à Carta Educativa, o vereador da CDU avisa que "não houve planeamento", uma vez que a própria CMB sabia que a freguesia tinha crianças suficientes para impedir o encerramento. A CDU discorda também do regulamento da DGEstE para este tipo de situações. O vereador comunista não acredita que a escola possa vir a reabrir no futuro e exige ao município "medidas de acompanhamento" para travar outros casos.
O comunista afirma também que o encerramento da escola "é a pior solução que se pode tomar". "É um facto que não é desejável do ponto de vista pedagógico, mas não havendo escola não há pedagogia nenhuma", rematou.
"CMB não podia fazer mais. Ninguém gosta de ver uma escola encerrar" - Ricardo Rio
O presidente do Município de Braga lembra que as 'boas' condições físicas da EB1 de Pedralva "não são critério, mas sim o número de alunos. Ricardo Rio e Lídia Dias reiteraram uma vez mais a ideia de que "às vezes é preferível os alunos ficarem mais longe e terem melhores condições de ensino", recusando o cenário de ensino misto.
Ricardo Rio afirma que a CMB "não podia fazer mais" e reconhece que "ninguém gosta de ver uma escola a encerrar, ainda por cima quando naquele território não há muitos equipamentos públicos para garantir os níveis de coesão". O autarca explicou que o município vai trabalhar com a comunidade no sentido de "valorizar e mobilizar as famílias para o jardim-de-infância para que as perspectivas de futuro se possam alterar".