Cultura 16.10.2025 16H30
Entre palco e tela, peça do coletivo SillySeason reflete sobre a liberdade
‘O Direito do Mais Fraco à Liberdade’ estreia-se este sábado, no Centro Cultural Vila Flor, em Guimarães.
Voltamos a 1974, R.W. Fassbinder prepara-se para realizar mais um dos seus filmes. Considerado um dos mais provocadores e enigmáticos do cinema europeu, o alemão elabora uma produção que rejeita a construção paternalista e hierárquica de uma sociedade.
Assim começa o espetáculo ‘O Direito do Mais Fraco à Liberdade’, que se estreia este sábado no Centro Cultural Vila Flor, em Guimarães, pelas 21h30. A obra do coletivo SillySeason inspira-se em três obras do realizador: ‘As Lágrimas Amargas de Petra Von Kant’, ‘O direito mais forte à liberdade’ e ‘Querelle’, para refletir sobre a liberdade.
Aos microfones da RUM, o cocriador e intérprete, Ivo Saraiva e Silva, revela que o espetáculo, de uma forma “muito visual e lúdica”, reflete sobre as relações que as personagens só conseguem conservar “enquanto for lucrativa”. “O amor como mercado”, exemplifica.
A peça faz ainda um paralelo com os anos 1970 e a atualidade política, com a tentativa de cerceamento da liberdade, alerta, em que as personagens experimentam os diferentes tipos de liberdade.
Em palco, em meio aos intérpretes, câmaras e um realizador, gravam as cenas que são apresentadas para um ecrã gigante que faz às vezes de cinema. Ivo Saraiva e Silva recorda que as várias vertentes artísticas sempre fizeram parte do trabalho do coletivo. Por isso, sublinha que não era possível não “relacionar o teatro com o cinema, porque há um realizador à cabeça”. “À medida que as cenas são feitas, estão a ser registadas na tela como se fosse a realização, a gravação de um filme em tempo real. O público pode escolher ver o cinema ou ver o teatro, ou ver as duas coisas ao mesmo tempo”, conclui.