Cultura 06.12.2023 12H21
"Era imperativo uma visão especializada para diferentes áreas programáticas"
Novo diretor artístico do Theatro Circo, Luís Fernandes, esteve na RUM para a primeira grande entrevista nas novas funções.
Há uma nova organização na gestão programática do Theatro Circo (TC) e do gnration que permitirá "uma diversidade de visões para diferentes áreas programáticas", afirmando-se assim como "uma mais-valia" para estas estruturas culturais, na opinião do novo diretor artístico, Luís Fernandes, ele que nos últimos dez anos foi responsável pela programação do gnration.
A principal novidade na empresa municipal Teatro Circo é a direção artística única nas duas estruturas culturais com a liderança de Luís Fernandes após a saída de Paulo Brandão. A nova dinâmica foi detalhada pelo responsável na última noite, na RUM.
Em entrevista ao programa 'Campus Verbal', o programador admitiu que dividir tarefas e responsabilidades por diferentes pessoas era prioritário. "Torna-se imperativo que haja uma diversidade de visões sobre o que são os programas dessas estruturas [TC e gnration] e, acima de tudo, uma visão especializada para diferentes áreas programáticas, que é algo em que eu acredito piamente", começa por esclarecer.
Especializado na área da música e na área da relação entre a tecnologia e as artes visuais, Luís Fernandes reconhece que "seria um sinal totalmente errado assumir que teria o condão de ser especialista em tudo, em todas as áreas que o Theatro Circo e o gnration têm de programar com uma elevada responsabilidade", daí atribuir responsabilidades a outros protagonistas, a maior parte deles já ligados à empresa municipal dedicada à cultura.
Sara Borges já estava na equipa e assume a responsabilidade da mediação e participação, enquanto que Ilídio Marques fica com a programação do gnration, que nos últimos dez anos esteve nas mãos de Luís Fernandes.
Maria Inês Marques vai assumir as Artes Performativas, um novo rosto na equipa do Theatro Circo. Sobre esta escolha, diz que reflete "ideias de equilíbrio, visões novas e uma geração muito capacitada e que já tem muito mundo". Ainda sobre Maria Inês Marques, fala num trabalho "muito bom" com um trajeto académico de referência, nomeadamente o doutoramento em dramaturgia pela Universidade de Yale, nos Estados Unidos da América. "Tem também um trajeto naquilo que é a produção e criação na área de performance, teatro e também da dança que é de relevo. É uma jovem programadora na qual depositamos muita confiança", afiança.
O Theatro Circo e os artistas e projetos que por lá passam. "Da mesma forma que não vamos diretos para a universidade, temos de passar por etapas"
Um dos assuntos abordados no espaço de grande entrevista foi a abertura do Theatro Circo a artistas da cidade e da região. Luís Fernandes garante que se pretende "consolidar a sala como referência absoluta" e defende que "da mesma forma que não vamos diretos para a universidade, temos de passar por etapas".
"Por vezes também é muito importante encontrar rigor, trabalho e provas dadas do lado de quem se quer propor. Eu costumo dizer que os artistas que de facto têm um valor inegável quase não precisam do Theatro Circo, porque eles atuam em todo o lado. Há artistas locais assim, não é por serem de Braga que têm menos capacidade", argumenta.
O diretor artístico defende "uma nova dinâmica de relação com a cidade", seja com criadores como com públicos e acredita que uma nova aposta para o novo quadrimestre - Espaço Comum - vai ajudar nesse sentido. A ideia passa por "envolver qualquer pessoa da comunidade para pensar o que pode ser um teatro mais integrador, mais acolhedor" ainda que não pretenda sugerir artistas específicos para a agenda cultural. "É para pensar de forma comunitário o que deve ser o TC nos nossos dias, portanto, é um exemplo de uma dinâmica de envolvimento dos públicos que achamos que é importante depois fazer verter em algo concreto no futuro", nota.