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Elsa Moura

Nacional 24.05.2023 12H56

Escuteiros com formação obrigatória para prevenir situações de abuso  

Escrito por Elsa Moura
O escândalo de abusos sexuais de menores na igreja católica portuguesa também envolveu elementos do Corpo Nacional de Escutas, associação que tem há mais de dez anos um mecanismo que visa prevenir situações desta natureza e atuar em conformidade em caso de denúncia.  
Declarações de Ivo Faria, chefe do Corpo Nacional de Escutas, em entrevista à RUM

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O Corpo Nacional de Escutas (CNE) comunicou 19 casos de situações de abuso sexual à Comissão Independente criada no âmbito do abuso sexual de menores na Igreja Católica e está há mais de dez anos a trabalhar com um mecanismo que pretende sensibilizar os escuteiros para estas questões e evitar que se repitam casos desta natureza.


Em entrevista à RUM na última noite, o Chefe do Corpo Nacional de Escutas, Ivo Faria referiu que o arquivo de denúncias cobre os últimos quinze a vinte anos. "Tínhamos um total de 19 casos com natureza sexual, destes, a comissão independente levantou doze e tinha sete que nós não conhecíamos", começa por explicar. Alguns dos casos tinham mais de cinquenta anos. Destes, dois correspondiam à mesma situação e outros dois que não tinham acontecido num ambiente escutista, acrescentou. Há pelo menos um chefe dos escuteiros condenado a pena de prisão preventiva por abuso sexual de menores.


Departamento Escutismo Movimento Seguro e formação obrigatória fazem parte da realidade diária dos escuteiros


Segundo Ivo Faria, o Corpo Nacional de Escutas tem há mais de dez anos o departamento ‘escutismo movimento seguro” para lidar com situações relacionadas com denúncias de cariz sexual, mas também de outro tipo de abusos, nomeadamente bullying ou dependências. "Tentamos desenvolver ferramentas, instrumentos, posicionamentos, formação, mecanismos de reporte, equipas que trabalham com os reportes que nos vão sendo feitos e que interligam com a eventual necessidade de reportamos as situações às autoridades civis, iniciarmos procedimentos internos disciplinares e dialogarmos com a hierarquia da igreja, se necessário", detalha.


Manual de boas práticas entre os mecanismos utilizados


A formação para todos os escuteiros e candidatos a dirigentes é uma das ferramentas que o CNE está a levar a cabo para prevenir, identificar, denunciar e agir nestas situações.

A formação é "obrigatória" para dirigentes e candidatos a dirigentes. Já o mais recente projeto é direcionado para o jovem e a criança, considerado por Ivo Faria como "o primeiro agente de proteção".

"Trabalhamos na parte da prevenção, criar mecanismos que protejam as crianças com regras, códigos de conduta. No dia-a-dia, a criança e o jovem são a primeira pessoa que nos consegue sinalizar quando algo de estranho ou de errado parece estar a acontecer. Estamos a apostar na formação deles para que estejam alerta, estejam mais conscientes daquilo que pode e não pode ser, daquilo que pode e não pode acontecer, daquilo que não é aceitável para, a par da formação para os adultos, os jovens também nos ajudarem e termos uma cultura de segurança que envolve literalmente toda a associação", especifica.


Há um Manual de Boas Práticas onde se proíbe, por exemplo, que os voluntários durmam na tenda dos menores, e um portal para receber queixas.


A entrevista ao chefe do Corpo Nacional de Escutas decorreu a propósito das celebrações do centenário, agendadas para este fim-de-semana na cidade de Braga onde se perspetiva a presença de 25 mil escuteiros católicos portugueses.


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