A Câmara Municipal de Braga (CMB) poderá ter de pagar perto de dez milhões de euros ao consórcio ASSOC, a propósito de trabalhos a mais na construção do Estádio Municipal para o Euro 2004.

As contas do estádio 'voltaram à baila' e o presidente do Município de Braga confirmou, esta segunda-feira, no decorrer da reunião de executivo municipal, que no dia 22 de Junho a autarquia voltou a ser condenada, num processo para o qual já tinha recorrido da decisão. Em causa os trabalhos a mais reclamados pelo consórcio ASSOC. "Foi a sentença final, já sem recurso, que condenou também a Câmara Municipal de Braga. Neste caso, embora se trate de um valor a liquidar, há estimativas que apontam que entre o valor e os juros inerentes, pode chegar perto dos dez milhões de euros", explicou. 

O autarca reconhece que é "dramático do ponto de vista financeiro suportar um encargo que diz respeito ainda à construção do estádio. É incontornável, ainda que neste caso ainda não seja um valor fechado porque vai ser alvo de confronto entre os peritos de parte a parte", disse.

O município de Braga vai tentar "diluir ao máximo o esforço". Ricardo Rio admite não ter ficado "totalmente surpreendido",  mas lamentou o peso de mais uma factura do passado socialista para o orçamento municipal.

Socialistas referem que o processo "é conhecido há vários anos"

Os socialistas insistem que ainda há muito por apurar e apelam ao executivo de Ricardo Rio para que "seja correcto na gestão e na forma como informa os bracarenses que vivem assombrados, quando na verdade os vários milhões devem ser colocados no tempo e na lógica". Artur Feio, líder dos socialistas em Braga insiste que "é preciso esclarecer" e antevê que o município de Braga não disponibilize o relatório de todos os encargos com o estádio desde o início. "Vamos receber isto quando? 15 dias antes do tal referendo para criar confusão e causar a discórdia. Como é que uma câmara em pleno 2019 não tem a contabilidade. Já em 2010 a câmara municipal de Braga foi auditada e depois disso houve uma série de auditorias", continuou. Artur Feio insiste que este processo "é conhecido há vários anos" com os técnicos do município a não reconhecerem os trabalhos a mais reclamados pelo consórcio. O vereador referia-se ao relatório solicitado em Fevereiro por Carlos Almeida, vereador da CDU.

O socialista foi mais longe, dizendo que "o estádio está praticamente pago, faltando apenas cinco ou seis por cento", atirou.

Recorde-se que depois das legislativas de Outubro, Ricardo Rio começará a preparar o referendo local onde os bracarenses serão chamados a escolher entre a colocação do estádio, ou não,  à venda.