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Fotografia: Universidade do Minho
José Brás

Academia 13.08.2025 17H06

Estudo da ECUM alerta para os perigos do consumo das aguardentes moçambicanas

Escrito por José Brás
A pesquisa, que se focou particularmente “na análise de metais pesados presentes na bebida” teve também uma análise mais geral dos seus parâmetros físico-químicos.
Declarações de Gercílio Luís Chichava, aluno da Escola de Ciências da Universidade do Minho, a propósito do estudo sobre a produção artesanal de aguardentes em Moçambique:

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A produção artesanal de aguardentes em Moçambique pode ser um problema de saúde pública no país. Esta é uma das conclusões do estudo de Gercílio Luís Chichava, estudante ERASMUS da Escola de Ciências da Universidade do Minho (ECUM), depois de analisar amostras de nipa, sope ou xindere recolhidas nas províncias de Manica, Sofala e Gaza.


À RUM, o estudante explicou que o estudo consistiu “na análise da composição química e da qualidade” destas bebidas, que são produzidas usualmente “em tambores corroídos, com utensílios contaminados, água não tratada e resíduos alimentares, o que contribui para elevados níveis de contaminação química e microbiológica”.


A pesquisa, que se focou particularmente “na análise de metais pesados presentes na bebida” teve também uma análise mais geral dos seus parâmetros físico-químicos como, por exemplo, “o pH, a acidez, a massa volúmica e o próprio teor alcoólico” que Gercílio Chichava diz ser muito superior àquele que está regulamentado.


O interesse por este tema partiu, em parte, da experiência da sua mãe como vendedora destas bebidas e da sua curiosidade pelos sintomas dos consumidores que diz não mostrarem “boa saúde”.

“Quem as consome tem em geral bochechas inchadas, irritações nos olhos e na pele, envelhece depressa e já não trabalha para sustentar a família, mas para obter bebida”, acrescenta.


"Os resultados podem servir para se traçar, pelo menos, algumas leis"


A pesquisa começou em Moçambique, mas a limitação de equipamentos impulsionou o estudante para a oportunidade de estudar na ECUM, através do programa ERASMUS+, sob a orientação da professora Dulce Geraldo.

Ainda que a pretensão seja continuar as análises, Gercílio Chichava acredita que o “estudo é muito forte” e está pronto a ser usado na reestruturação da regulamentação destas bebidas. “Os resultados do estudo podem servir para traçar, pelo menos, algumas leis que obriguem à publicação dos ingredientes e regulem os procedimentos que os produtores podem usar”, sublinha.


De acordo com o estudante, a única regulação que existe prende-se exclusivamente à “qualidade da água” para o consumo, deixando de fora todos os aspetos e atividades em que ela é usada.


Apesar das análises estarem completas, Gercílio Chichava vai voltar à ECUM, no próximo ano letivo, desta vez na condição de estudante de mestrado para fazer algumas "análises adicionais" e "estudar outros metais" que eventualmente estejam presentes nas amostras.

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