Academia 18.03.2025 14H24
Estudo PROMETEU: percentagem elevada de indicadores de burnout na comunidade académica da UMinho
Este projeto da Escola de Psicologia visa estudar a saúde mental e bem-estar da comunidade académica da academia minhota, fatores de risco e fatores protetores da saúde mental, literacia em saúde mental e acesso e custos com cuidados de saúde especializados.
A percentagem elevada de indicadores de burnout em todos os grupos inquiridos, nomeadamente estudantes, docentes, investigadores e técnicos de administração e gestão, é o dado com maior destaque nos resultados preliminares do projeto PROMETEU, da Universidade do Minho. No último Conselho Geral, que decorreu na passada sexta-feira, foram apresentados os dados preliminares do trabalho pela investigadora principal, Eugénia Ribeiro, docente da Escola de Psicologia.
A percentagem de participantes que apresentam sintomas de burnout alto são para os estudantes, docentes, investigadores e TAG, de 61.84%, 44.04%, 45.87% e 53.89%, respetivamente. Em todos os grupos, aproximadamente 90% dos participantes apresentam sintomas de burnout médio ou alto.
Os estudantes são os que têm uma maior percentagem de participantes com sintomas de depressão de nível severo e sintomas de ansiedade. Abriram o questionário 807 estudantes, sendo que apenas cerca de 550 responderam a todas as questões e até ao fim do questionário. 37,1% confirmou ter procurado ajuda psicológica.
Ao mesmo tempo, 25% dos estudantes questionados estavam a ser acompanhados por um profissional e 16,1% sentiu que precisou de ajuda nos últimos 12 meses, mas não conseguiu satisfazer essa necessidade por questões de natureza financeira. Relativamente aos estudantes a receber acompanhamento, a maioria encontrava-se a receber apoio de um psicólogo (39.3%), psiquiatra (30.8%) ou médico de família (25.1%), e 66.2% desses estudantes a receber acompanhamento há mais de um ano.
Considerando a toma de medicação, 19.5% dos estudantes, no momento de resposta ao questionário, indicaram tomar psicofármacos, sendo na maioria antidepressivos (70.3%), e estando a tomar há mais de ano ano (52.3%).
Entre a comunidade docente que participou neste questionário, praticamente 50% dos inquiridos dizem que o trabalho afeta a sua saúde de forma negativa. Abriram e começaram a responder ao questionário 222 docentes, sendo que apenas cerca de 190 responderam a todas as questões e até ao fim do questionário. Nos investigadores, este número sobe para os 57%.
A maioria dos docentes (84.4%) indicou não se encontrar a receber acompanhamento por parte de um profissional de saúde mental. Não obstante, no momento de resposta ao questionário, 15.6% indicaram estar a ser acompanhados, sendo que a maioria é acompanhada por um psiquiatra (45%) ou psicólogo (30%).
É de notar que, devido à baixa afluência da comunidade académica na resposta aos inquéritos, os investigadores deixaram a seguinte nota: "como apenas uma determinada percentagem dos membros da academia respondeu aos questionários, os resultados podem não refletir a experiência da academia UMinho como um todo e, por isso, não podem ser extrapolados. Os resultados devem ser entendidos somente no contexto das amostras obtidas".
A equipa responsável pelo estudo compromete-se a elaborar recomendações para ação/investigação, bem como a definição de boas práticas, baseadas na evidência científica, que servirão de orientação para procedimentos e áreas nas quais a Universidade do Minho deve investir para promover a saúde mental e o bem-estar.
O relatório final do projeto vai ser entregue ao Conselho Geral em junho de 2025.