A Federação Académica do Porto (FAP) quer que o próximo governo em Portugal avance com a implementação piloto da semana de quatro dias no ensino superior no Porto e defende que a semana mais curta é uma “inevitabilidade”.

Em entrevista à agência Lusa para o balanço do primeiro ano do ‘Think Tank’ Pensar a Academia, iniciativa FAP em 2024 para assinalar o 35.º aniversário, o presidente da FAP, Francisco Fernandes, destacou a criação do “Caderno de Medidas da Academia para o País” como o exemplo “mais notório” da iniciativa estudantil e que foi enviado para “todos os partidos no âmbito das Eleições Legislativas 2025”.

Francisco Fernandes defende que a semana de quatro dias no Ensino Superior é “algo de positivo” e “uma inevitabilidade por vários motivos”. Em primeiro lugar, porque ajuda a conciliar “a vida pessoal e a vida profissional”, e em segundo lugar, porque é de uma “maior eficiência e otimização do tempo em sala de aula”.

"Ao termos menos um dia de aulas no Porto, temos menos quatro horas de deslocação destes estudantes que, por motivos económicos, não conseguem viver no Porto e quatro horas é uma tarde de estudo”

O presidente da FAP recorda que Portugal tem uma média de tempo em sala de aula “muito superior à média de tempo em sala de aula da União Europeia”, “muitas vezes com um modelo expositivo”, referindo que a média é de 21 horas, enquanto, por exemplo, o Reino Unido tem de 14 horas.

O terceiro argumento para haver uma semana de quatro dias é relaciona-se com o facto de Portugal ter do ponto de vista social uma “grande crise no alojamento estudantil”, que leva estudantes todos os dias a fazerem “duas horas de viagem para o Porto e duas horas de viagem de regresso a casa”.

"Ao termos menos um dia de aulas no Porto, temos menos quatro horas de deslocação destes estudantes que, por motivos económicos, não conseguem viver no Porto e quatro horas é uma tarde de estudo”, defende o presidente da FAP.

Questionado pela Lusa sobre como iria ser feita a implementação da semana de quatro dias, o presidente da FAP defende que seja feita por duas vias.

Uma via é através do Governo que deve criar incentivos – financeiros ou operacionais - para que as instituições queiram ter uma semana de quatro dias.

A outra via é desafiar as unidades orgânicas do Porto a darem o exemplo.

Francisco Fernandes assume que no próximo Governo e na próxima Assembleia da República, a FAP vai fazer “força política para ver postas em prática pelos diversos partidos políticos um conjunto de propostas aprovadas na sua Assembleia Geral”, designadamente a da semana de quatro dias que surgiu de um contributo “essencial” dos oito estudantes que se destacaram ‘Think Tank’ Pensar a Academia.

O 'Think Tank' FAP, criado em julho de 2024 para assinalar o 35.º aniversário da FAP em 2024, é composto por oito jovens especialistas e tem como objetivo primordial a investigação nas áreas da Educação, Ensino Superior e Políticas de Juventude, contribuindo para a formulação de propostas de políticas públicas em Portugal.

Lusa