Nacional 20.11.2024 14H45
Farmacêuticos querem resolver situações clínicas ligeiras para evitar idas às urgências
Os novos serviços farmacêuticos são um dos temas que vai estar em debate no Congresso Nacional dos Farmacêuticos, que arranca na sexta-feira, em Lisboa.
Os farmacêuticos querem poder resolver situações como as infeções urinárias na mulher ou as respiratórias do trono superior, com protocolos validados que permitem vender antibiótico, comunicando ao médico que segue o utente, para evitar algumas idas as urgências.
Segundo explicou à Lusa o bastonário da Ordem dos Farmacêuticos, Helder Mota Filipe, estes são dois exemplos de situações clínicas ligeiras que estes profissionais de saúde poderiam resolver, seguindo protocolos predefinidos, referenciando o utente para o médico se fosse necessário.
“São situações de fácil resolução, desde que com intervenções de qualidade e devidamente protocoladas com a autoridade de saúde, neste caso a DGS [Direção-Geral da Saúde], e consensualizadas entre a ordem dos médicos e a ordem dos farmacêuticos”, explicou.
Dá o exemplo de serviços idênticos que existem noutros países, como em Inglaterra, que podem evitar a ida às urgências e a consultas desnecessárias com o médico e familia.
No caso inglês, Helder Mota Filipe diz que num ano se evitaram 38 milhões de consultas e idas às urgências, o que, extrapolando para Portugal, significaria evitar cinco milhões.
Diz que os farmacêuticos estão capacitados para esta situação, que os protocolos já estão estabelecidos a nível internacional, faltando apenas “vontade politica” e um trabalho conjunto para garantir condições materiais, como a capacidade de comunicação entre os diferentes serviços.
“O médico de família tem de saber que aquele episódio aconteceu e foi resolvido de acordo com o protocolo pelo farmacêutico e, para isto, é preciso haver comunicação”, disse o bastonário, lembrando que este canal de comunicação entre farmacêutico e médico já existe para o mecanismo da renovação da dispensa de medicamentos em doentes crónicos.
Chama igualmente a necessidade de garantir a referenciação nos casos em que o antibiótico do protocolo não funciona: “nas infeções urinárias, em 90% dos casos a infeção tem mesma raiz, que é facilmente determinado por um teste rápido. Sobram 10% de casos em que, não tendo aquela origem, os doentes não podem ficar desacompanhados”.
“É preciso garantir mecanismos de referenciação, que hoje é apenas feita pela Linha Saude 24, que não tem capacidade de intervenção direta”, afirmou.
Lusa