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FRANCISCO PIMENTEL TORRES, CANDIDATO DO ADN, NA RUM
Elsa Moura

Autárquicas 2025 12.08.2025 21H00

Francisco Pimentel candidata-se pelo ADN por “cidadania e porque a cidade está lastimável”  

Escrito por Elsa Moura
Tem 66 anos, fez parte do movimento que formou a Iniciativa Liberal e foi até nº2 na lista à Assembleia Municipal de Braga em 2021, mas abandonou o partido porque deixou de se identificar com o caminho seguido.  
Declarações de Francisco Pimentel Torres aos microfones da RUM na qualidade de candidato à CMB

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Francisco Pimentel Torres tem 66 anos, vive em Braga há mais de 60 e estudou engenharia na UMinho. Aposentado depois de deixar a vida de empresário, confessa que sempre gostou de política e que agora tem o tempo que precisa para se dedicar à causa “nem que seja para apresentar ideias e promover discussão”.


Esta terça-feira, na grande entrevista à RUM na qualidade de candidato independente pelo ADN confidencia que foi uma decisão “ponderada” depois de ter sido desafiado pelo ADN. O partido foi formalizado em 2021 e vai apresentar-se apenas com listas à Câmara e Assembleia Municipal de Braga, mas Francisco Pimental vê hipóteses reais de ser eleito vereador.


“O que me desempata isto é o estado lastimável em que se pôs esta cidade. Estou aqui há 60 anos, eu lembro-me da cidade ser pequena, era uma cidadezinha, e lembro-me da cidade crescer muito mal [com o engenheiro Mesquita Machado] (...) e depois nestes últimos 12 anos realmente não foi feito nada na cidade”, começa por explicar. Apesar de não ser mais militante da IL [partido que ajudou a fundar e pelo qual foi candidato à Assembleia Municipal de Braga em 2021], assume-se como “liberal e uma pessoa de direita”, acreditando que nesta fase pode “contribuir com ideias” para o debate político. Na qualidade de candidato pelo ADN surge como independente, mas confessa que se identifica com 90% dos ideais do ADN, recusando acusações de que se trata de um partido de extrema-direita.


ADN apresenta listas apenas à Câmara Municipal de Braga e à Assembleia Municipal de Braga

Diz que o facto de ser um outsider pode ser uma vantagem dada a descrença cada vez maior nos partidos


Francisco Pimentel Torres revela que tem sentido “bastante apoio, principalmente nas redes sociais” e que uma das razões possa ser o facto de se apresentar como um cidadão que não cresceu nem viveu com responsabilidades partidárias, ao contrário da maior parte dos candidatos.

“Eu acho que o português, está cheio de políticos e eu como outsider tenho sentido cada vez mais que posso ser vereador”, diz sem hesitar.


Mas as declarações otimistas esbarram desde logo no número de candidaturas que o ADN apresentará em Braga. Só se apresentará a sufrágio para a câmara municipal e para a assembleia municipal, não surgindo qualquer candidatura às juntas de freguesia. Aqui, reconhece que enquanto partido recente o ADN não tem a expressão necessária para tal.


Prosseguindo com a análise ao contexto político autárquico em Braga, há uma certeza para o candidato do ADN: “é impossível alguém ter uma maioria”, e antecipa que serão necessários consensos para governar depois do dia 12 de outubro.


Um vencedor que Francisco Pimentel coloca imediatamente de parte é o Partido Socialista. Vê António Braga a conseguir um “quarto lugar”, atrás, nomeadamente, da IL, da coligação Juntos por Braga e do independente Ricardo Silva, candidato pelo movimento Amar e Servir Braga. Também não acredita que desta vez a CDU consiga eleger um vereador.


"Ricardo Rio não investiu nada no que a cidade necessitava"


Francisco Pimentel Torres não se reserva nas críticas à liderança de Ricardo Rio nos últimos doze anos em Braga. Afirma que o autarca social democrata “apostou muito no turismo, na economia”, e que “andou a passear muito tentando trazer investimentos para Braga, alguns conseguiu, outros não, mas não investiu nada no que a cidade necessitava”. 

Na ótica do candidato do ADN, os mandatos da coligação Juntos por Braga resultaram apenas em requalificações como o forum Braga ou o mercado municipal e que só no final de doze anos de mandato a coligação apresenta obras no valor superior a 37ME que ficarão para o executivo seguinte. Entre os diferentes investimentos anunciados ressalta a requalificação do Campo da Vinha que diz ser "deitar dinheiro fora", uma vez que se trata de "uma obra que pode esperar”.


Na ótica do candidato do ADN, o urbanismo deveria ter sido uma aposta identificada há pelo menos oito anos, o que não aconteceu. O resultado: “nada foi feito de bom no urbanismo em Braga”, “não há avenidas novas, não há ruas novas, não há acessos”, mas há promessas. E sobre promessas com anos que ainda não se concretizaram, Pimentel Torres dá como exemplos a circular urbana externa, a conclusão da Variante do Cávado e a ligação à variante do Fojo. “A cidade cresceu, cresceu muito, principalmente em imigrantes, e não foi preparada. Portanto, o urbanismo e a 'obra zero' é um dos slogans que se pode pôr neste mandato”, critica.


Na dimensão habitacional, o candidato do ADN considera que o trabalho da empresa municipal Bragahabit se resume à requalificação de bairros sociais com apoios do PRR quando na sua ótica deveria ter sido feita uma aposta “em bairros para pessoas que possam pagar uma renda média-baixa”. As críticas chegam também a João Rodrigues, candidato da coligação Juntos por Braga, atualmente com vários pelouros incluindo o do urbanismo. Lembra que ainda não está em vigor um novo PDM e que o município de Braga “podia ter feito mais na facilidade de licenciamentos”.


“Portanto, nestes dois segmentos, o executivo de Ricardo Rio falhou completamente”, resume, criticando também os sucessivos atrasos na transformação do Nó de Infias, considerando que a negociação com o governo e a Infraestruturas de Portugal poderia estar resolvida “há muitos anos”.


No que respeita aos Transportes Urbanos de Braga, Francisco Pimentel defende um estudo que permita aferir as necessidades e interesses dos bracarenses, mas está convencido que o concelho não necessita de “autocarros gigantescos” ou “até articulados”, e defende que “atrapalhariam menos o trânsito, autocarros mais pequeninos, que conseguiriam andar mais depressa, com menos passageiros, com mais frequência”.


O candidato do ADN é, por fim, mais um “descrente” da viabilidade do BRT dado o histórico, mas também a capacidade de passagem nos diferentes pontos da cidade de Braga.


OUVIR A ENTREVISTA COMPLETA A FRANCISCO PIMENTAL TORRES

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