Academia 14.07.2022 19H42
Fungo aquático do Gerês entre 50 espécies que exigem conservação
É a primeira vez que um fungo aquático, descoberto por cientistas da Universidade do Minho, integra um relatório de conservação de 50 espécies de água doce ameaçadas e em risco de extinção.
Um fungo aquático, descoberto por cientistas da Universidade do Minho, integra, pela primeira vez, um relatório de conservação de espécies de água doce ameaçadas e em risco de extinção no planeta. O relatório ‘Fantastic Freshwater: 50 landmark species for conservation’ foca 50 espécies que incluem anfíbios, aves, crustáceos, peixes, fungos, insetos, mamíferos, moluscos, plantas e répteis de água doce, mostrando a sua diversidade, mas sobretudo a sua urgente conservação.
Trata-se do fungo Collembolispora barbata encontrado há duas décadas, no Parque Nacional da Peneda-Gerês, por Fernanda Cássio e Cláudia Pascoal, do Centro de Biologia Molecular e Ambiental (CBMA) da Escola de Ciências da UMinho. Isabel Fernandes, especialista em fungos aquáticos no CBMA, colaborou neste relatório, sugerindo a sua inclusão. Em declarações à RUM, a investigadora revela que pode ser uma "espécie endémica".
Isabel Fernandes evidencia a importância deste feito. "A nível global não há iniciativas de conservação para fungos de água doce, existem algumas iniciativas de conservação para fungos terrestres, mas para fungos aquáticos ainda não existe e, pela primeira vez, foram integrados numa lista de espécies que precisam de atenção ao nível da conservação", salienta.
A investigadora frisa que na sociedade persiste a ideia de que os fungos prejudicam a saúde e o ambiente. "Ao contrário do que a maior parte da população pensa, que eles se resumem a coisas más, como ao pé de atleta, às micoses, às espécies que vão contaminar as plantas, como as vinhas por exemplo, eles são os principais responsáveis nos ribeiros mais pequenos pela reciclagem da matéria orgânica, pela reciclagem dos nutrientes que depois vão servir de alimento a muitos animais", explica.
"São extremamente importantes para o equilíbrio dos ecossistemas aquáticos, porque não só decompõem a matéria orgânica, como depois servem de elo de ligação nas redes alimentares", finaliza.