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Liliana Oliveira

Regional 21.04.2022 18H52

Hospital de Braga investiga relação de bactéria resistente com a morte de quatro pessoas

Escrito por Liliana Oliveira
Percentagem de doentes internados positivos é de 20%. Diretor clínico admite surto, mas afasta cenário de alarmismo.
Jorge Marques, diretor clínico do Hospital de Braga, e Cláudia Carvalho, diretora do serviço de infeciologia

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O Hospital de Braga está a analisar a possível relação da infeção por Enterobacteriales Resistentes aos Carbapenemos (ERC) com a morte de quatro doentes, desde o início do ano.

Em conferência de imprensa, esta tarde, o diretor clínico da unidade hospitalar, Jorge Marques, esclareceu que em causa estão “bactérias que são resistentes a múltiplos antibióticos”. “Todas as complicações infeciosas têm um risco de mortalidade significativo. Estamos a investigar quatro casos de óbito desde o início do ano até agora, que podem estar relacionados com as bactérias, mas não podemos dizer que a causa direta da morte tenha sido a bactéria”, reforçou.


A existência deste tipo de bactérias gera “todos os anos mortalidade, ligadas a complicações infeciosas”. Cláudia Carvalho, diretora do serviço de infeciologia, aponta até este como “um problema universal e crescente”. “Estima-se que, em 2050, esta bactéria possa ultrapassar o cancro como principal causa de morte”, frisou.

Jorge Marques quis ainda esclarecer que “o máximo de doentes internados positivos é de 20% e não de 50% como foi veiculado”. Neste momento, das 700 camas que existem no hospital, 140 são ocupadas por doentes colonizados. O diretor clínico garantiu ainda não há casos afetos a um serviço específico, porque “não existe nenhuma relação direta com nenhum serviço”. Ainda assim, explicou, “há doentes com mais risco”, nomeadamente que foram operados, com patologias associadas ou que tenham tomado vários antibióticos.

“Neste momento, há oito doentes infetados, têm a bactéria e uma doença provocada pela mesma, e um número maior de doentes positivos, colonizados por esta bactéria”, esclareceu ainda o médico.

As bactérias podem “provocar várias doenças, desde pneumonias a infeções urinárias, bem como infeções generalizadas”, sendo que a febre é um sintoma comum às infeções.


Desde o início do ano, houve “um aumento de incidência de bactérias resistentes aos antibióticos” e, desde então, “passou a fazer-se um rastreio a todos os doentes internados para ter noção detalhada das bactérias e tomar medidas mais agressivas para impedir o risco de transmissão dentro do hospital”. O diretor clínico confirma a existência de um surto, mas afasta o cenário de alarme.

As idas ao Hospital, aconselhou Jorge Marques, devem manter-se para casos em que seja necessário.

Segundo Cláudia Carvalho, diretora do serviço de infeciologia do Hospital de Braga, trata-se de “um conjunto de bactérias, que adquiriram resistência a vários grupos de antibióticos e comprometem as opções no tratamento”.

“É um conjunto de bactérias presentes no intestino e a maior parte de nós não terá resistências, mas se tivermos internados, se tivermos tomado vários antibióticos passa a ser uma bactéria resistente. É uma bactéria muito comum e 90% das pessoas colonizadas não vai ter qualquer problema”, garantiu a médica, explicando que “a flora intestinal vai-se restituindo e esta bactéria passa a ser residual”.

Cláudia Carvalho referiu ainda que “as opções em termos de antibióticos são limitadas e, por isso, são doenças mais difíceis de tratar, sendo a probabilidade de morte maior do que noutros casos”.

Para prevenir, a higienização das mãos e a desinfeção dos equipamentos médicos deve ser reforçada. 


*com Tiago Barquinha Gonçalves

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