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Liliana Oliveira

Academia 01.08.2024 14H53

Investigadores da UMinho premiados por projeto ligado à disfunção ovulatória

Escrito por Liliana Oliveira
Rui Miguelote e Vanessa Silva querem melhorar o diagnóstico da disfunção ovulatória, muitas vezes associada ao ovário poliquístico, mas que também pode estar relacionada com a amenorreia hipotalâmica funcional.
Declarações de Rui Miguelote, investigador da Escola de Medicina da Universidade do Minho

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Dois investigadores da Escola de Medicina da Universidade do Minho, Rui Miguelote e Vanessa Silva, receberam o Prémio Clínico da Sociedade Portuguesa da Medicina da Reprodução, pelo projeto inOvulação.

O objetivo da investigação passa por melhorar o diagnóstico da disfunção ovulatória, muitas vezes associada ao ovário poliquístico, mas que também pode estar relacionada com a amenorreia hipotalâmica funcional.

“Há situações que parecem síndrome do ovário poliquístico e que não são. O nosso desafio foi tentar arranjar critérios diagnósticos e outros meios auxiliares diagnósticos, como exames e testes, que possam ajudar a diferenciar o síndrome do ovário poliquístico da amenorreia hipotalâmica funcional”, detalhou, em entrevista à RUM, Rui Miguelote.


O cientista explicou ainda que a amenorreia hipotalâmica funcional está relacionada com o stress, a ansiedade, a depressão, que são cada vez mais frequentes entre os jovens e que tem impacto na ovulação. “Quisemos tentar introduzir testes na área da psicologia, que não são muito usados na área da ginecologia, para passar para a parte clínica alguns instrumentos que nos ajudassem a diferenciar estas condições, que têm tratamentos e prognósticos muito diferentes”, acrescentou o cientista.


Ciclos irregulares podem ser um indício destas condições, mas, como alerta o investigador, “é muito frequente que se procure um ginecologista, passam a fazer uma pílula e como contém essas hormonas que são libertadas pelo ovário, passam a menstruar regularmente e acreditam que esta disfunção foi corrigida”. “Quando vão tentar engravidar e param a pílula, continuam com ciclos muito irregulares, porque não está a haver ovulação, sendo impossível haver gravidez”, acrescenta. Segundo Rui Miguelote, “a maioria das causas é funcional, ou seja, não há uma alteração orgânica, não há um órgão que esteja anómalo, mas deve ser feito sempre um diagnóstico”.


O projeto foi reconhecido pela “principal sociedade da medicina de reprodução, como tendo a maior relevância clínica” e isso, diz Rui Miguelote, deixou os dois cientistas “muito orgulhosos”. “Este projeto já tinha sido subsidiado por uma bolsa, que já tinha reconhecido como sendo um projeto interessante. “Queremos chamar a atenção de médicos para este diagnóstico, que é essencial, e também explicar alguns instrumentos que possam ajudar a diferenciar estas duas entidades clínicas. Ao recebermos este prémio, isto foi divulgado e, por isso,

mais colegas vão estar atentos ao trabalho”, finalizou.


O projeto laureado chama-se inOvulação (www.inovulacao.com) e está em curso no Instituto de Investigação em Ciências da Vida e Saúde (ICVS) da Escola de Medicina da UMinho, em Braga. Têm sido estudados participantes com disfunção ovulatória e participantes com ciclos menstruais regulares (grupo de controlo), com apoio da farmacêutica alemã Merck Serono. 

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