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Ronen Zvulun
Redação

Internacional 23.06.2025 17H50

“Se o conflito não terminar em breve, teremos um aumento generalizado dos preços”

Escrito por Redação
O professor da UMinho, José Palmeira adianta à RUM as possíveis consequências dos avanços do conflito entre Israel e Irão. 
O especialista em Ciência Política, José Palmeira, em entrevista à RUM: 

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Esta segunda-feira ficou marcada pela subida dos preços dos combustíveis, com o gasóleo oito cêntimos mais caro e a gasolina três. Levantam-se, agora, questões relativamente a um possível aumento generalizado dos preços. José Palmeira, professor de Ciência Política da UMinho, alerta que a duração do conflito entre Israel e Irão, agora acompanhado da intervenção dos Estados Unidos, será determinante para a economia.


O docente antecipa que nos próximos tempos haja um crescimento dos preços e explica porquê: “Sempre que há um conflito, mesmo que nada venha a afetar o petróleo, o mercado antecipa e aumenta os preços.” Numa análise a perspetivar um futuro a longo prazo, alerta que, caso o Irão decida retaliar os ataques dos últimos dias, “a economia será afetada, não apenas na energia, mas nos produtos em geral”.


Nestas condições, o professor da UMinho antevê uma subida da taxa de inflação, bem como as consequências que a mesma teria na vida dos portugueses. Dá um exemplo, referindo que “o crédito à habitação ficará ainda mais caro, quando nos últimos tempos se verificava uma tendência contrária”.


“Há duas posições de base” no caminho para a paz


Perante um eventual arranque das negociações para um cessar-fogo, Palmeira alerta para a incompatibilidade de posições das nações envolvidas no conflito. “Israel não confia no regime iraniano, só estará seguro com uma mudança. Por outro lado, nem os Estados Unidos nem a comunidade internacional estão dispostos a levar a sua intervenção a esse ponto.”


José Palmeira descreve, também, as possíveis naturezas de um acordo para o cessar-fogo. "Seria uma incógnita se estaríamos a falar de um acordo que apenas resolve o problema a curto prazo, ou se teremos uma solução estrutural que seja propícia a um clima de paz duradouro”.


E se não houver um acordo para a paz?


Para já, o professor da Escola de Economia e Gestão da UMinho afirma que perceber o estado do Irão após os ataques norte-americanos e israelitas será determinante para prever os possíveis desenvolvimentos do conflito.


“A questão que se coloca é até que ponto os ataques afetaram a produção de uranio por parte do Irão”, referiu o docente. Do ponto de vista militar, José Palmeira questiona-se sobre o ponto de situação do Irão e a sua capacidade de responder com ataques a Israel e, até, aos Estados Unidos da América.


É cedo falar dos riscos para Portugal


O acordo português com os Estados Unidos para o uso da Base das Lajes ainda não preocupa José Palmeira. O docente afirma ser cedo para discutir os perigos em que Portugal possa estar incluído, já que não foi declarada guerra pelo Governo norte-americano contra o Irão.


O Governo português já confirmou ter concedido autorização para que 12 aviões de reabastecimento norte-americanos aterrassem nos Açores. De qualquer forma, "Portugal tem um papel secundário”. Alerta, contudo, que se o Irão resolver valorizar o acordo com os Estados Unidos, “poderemos sofrer as consequências”.

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