Maxim tem 15 anos. Vive em Ivano-Frankivsk e chegou a Braga no dia 1 de julho. Estará na cidade com mais 14 crianças ucranianas, até ao dia 15.

Desafiada pelo Comité das Regiões Europeu e da Eurocities, a Câmara de Braga acolhe, pela primeira vez, um grupo de crianças da Ucrânia, para um campo de férias. Ao longo destes dias, vão participar em atividades culturais, desportivas e lúdicas.

Depois de quase três mil quilómetros percorridos de autocarro, chegaram a solo português e foram presenteados com um oceano, “maior do que podiam imaginar”.

Para muitos, esta foi a primeira vez que viram o mar. Assim foi com Maxim. “Senti-me muito bem, vi paisagens muito bonitas e nunca imaginei que o mar fosse tão grande”, disse aos jornalistas, esta terça-feira, na receção que tiveram nos Paços do Concelho. Impressionado com a arquitetura da cidade dos arcebispos, Maxim diz que Braga “é uma cidade muito interessante”, que junta em simultâneo “um lado histórico e moderno”.

Victorya, uma jovem do mesmo grupo, nunca tinha presenciado o infinito do mar, a não ser em vídeos, mas não teve a mesma coragem de Maxim para nadar em água fria e apenas molhou as pernas. “Tirei algumas fotos muito boas e gostei muito”, afirmou.

O campo de férias está a ser organizado pela Câmara de Braga para apoiar a cidade irmã de Ivano-Frankivsk neste período de invasão russa.

Olena é professora de inglês na Ucrânia e não esconde a importância desta visita para esquecer o barulho da guerra. “Os pais destas crianças são soldados, estão a defender o nosso país e são verdadeiros heróis para nós”, disse.

A professora agradeceu o convite, considerando esta oportunidade muito importante para que “estas crianças pudessem ter a oportunidade de voltar a ver o que é uma vida tranquila, sem perigos e sem preocupações”.

Os jovens ucranianos já estiveram em contacto com estudantes portugueses. “Foi muito interessante ver uma escola estrangeira, conversar com alguns estrangeiros. Gosto muito desta cidade, porque é muito bonita. O centro da cidade é extremamente pitoresco e espero voltar”, apontou Victorya.

Ivano-Frankivsk foi das primeiras cidades a ser bombardeada e é uma cidade geminada com Braga. “As nossas principais preocupações sempre foram para com a população em geral, mas em particular com a população mais jovem que se vê privada de muitos dos seus direitos e rotinas que vemos nas nossas crianças”, afirmou o presidente da autarquia Ricardo Rio.

O autarca aponta esta iniciativa como “uma manifestação do compromisso com a solidariedade internacional e com a promoção da paz”.

Até 15 de julho, estes jovens ucranianos participam em atividades culturais, desportivas e lúdicas.

Braga é uma porta nova para estas crianças, que levam amigos na bagagem e as memórias de um país em paz.