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Tiago Barquinha Gonçalves/RUM
Tiago Barquinha

Regional 07.07.2023 13H37

Lesados por clínica dentária de Braga avançam com queixa na polícia

Escrito por Tiago Barquinha
O espaço fechou portas há cerca de um mês.
As declarações de duas das queixosas, Maria Helena e Ana Gomes.

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13.600 euros. Este foi o dinheiro investido na clínica de Braga da Swiss Dental Service (SDS) por Maria Helena, uma das 40 pessoas que protestaram, esta sexta-feira, à porta do espaço situado nas imediações do Centro de Negócios Ideia Atlântico, depois de já terem organizado uma ação semelhante na segunda-feira.


O primeiro contacto aconteceu em dezembro de 2018, com o objetivo de colocar uma prótese definitiva, mas, passados quatro anos e meio, ainda não se concretizou. Num “vai e vem constante”, a cliente conta que começou a estranhar a atuação da empresa. “Não sei se faziam de propósito ou não, mas o que é certo é que vinha cá todos os meses para fazer provas e os dentes nunca ficavam iguais em relação à consulta anterior”, confessa à RUM.


Maria Helena diz que agora tem “um incómodo muito grande na boca” e que “o sonho de ter um sorriso bonito” se tornou num “pesadelo”. Entre tratamentos por concluir e consultas adiadas, são vários os clientes que criticam a atuação da SDS. 


Depois de uma cirurgia em maio de 2022 e de ter pagado 3 mil euros, Ana Gomes voltou à clínica para monitorizar a situação, mas deparou-se com dificuldades. “Tinha as consultas marcadas e depois eram anuladas. Decidi ir à clínica para perceber o que se passava e lá consegui arranjar uma consulta para o dia seguinte [...] Na última segunda-feira tinha nova consulta, cheguei cá e isto estava estava fechado. Nem ligaram a desmarcar”, refere.


A cliente, uma das responsáveis por mobilizar o protesto, conta que “algumas pessoas receberam um e-mail da empresa a comunicar que, por problemas financeiros e desgaste dos funcionários, as consultas tinham sido transferidas para outra empresa, Malo Clinic”. “Já andei a investigar essa clínica, mas a fama também não é muito boa. Por isso, não entro lá”, garante.


“Sem qualquer expetativa de reaver o dinheiro”, Ana Gomes estima que a SDS tenha faturado “milhões e milhões de euros” à custa deste tipo de situações. Nas redes sociais existe um grupo de 450 pessoas que dizem ter sido lesadas pela SDS. Além disso, no Portal da Queixa, instrumento da DECO Proteste, foram contabilizadas 432 reclamações e abrangem outras clínicas da mesma empresa, espalhadas pelo país.



Clínica fechou portas há cerca de um mês


Com uma advogada a tratar do processo, o grupo de lesados tencionar apresentar queixa na polícia. De acordo com o JN, quer a Autoridade de Saúde, quer a Ordem dos Médicos Dentistas, já apresentaram queixa por burla no Ministério Público, que está a investigar o caso.


No seu site, a Ordem dos Médicos Dentistas (OMD) informa que entregou à Inspeção-Geral das Atividades em Saúde (IGAS) um ofício a dar conhecimento da alegada prática de exercício ilegal de Medicina Dentária em clínicas da rede SDS – Portugal Sociedade Suíça de Serviços Odontológicos, Lda., na sequência de denúncias que deram entrada na Ordem.


No documento era solicitado à IGAS que fossem desencadeadas as diligências necessárias ao apuramento dos factos, por forma a acautelar interesses superiores de Saúde Pública. Já em 2017 e 2018, e a propósito da mesma rede de clínicas, a OMD encaminhou à Entidade Reguladora da Saúde (ERS) um conjunto de questões relacionadas com matéria de publicidade de saúde em medicina dentária, por alegado incumprimento do regime jurídico das práticas de publicidade em saúde, previsto no Decreto-Lei n.º 238/2015, de 14 de outubro.


A clínica estava situada desde 2015 numa loja alugada pelo Ideia Atlântico, à entrada do centro de negócios. Ao que a RUM apurou, somou uma série de incumprimentos no pagamento de prestações, água e eletricidade, o que motivou ações judiciais por parte dos proprietários e, mais tarde, a resolução do contrato. As portas estão fechadas há cerca de um mês e a empresa já terá iniciado o processo de insolvência


A Universitária tentou contactar a SDS, mas sem sucesso.

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