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Pedro Magalhães

Regional 03.07.2020 07H40

Livreiros de Braga com dúvidas sobre Feira do Livro virtual

Escrito por Pedro Magalhães
Livreiros bracarenses compreendem decisão da autarquia em fazer a Feira do Livro no digital mas estão reticentes quanto ao sucesso da iniciativa.
Carlos de Oliveira, Sofia Afonso e Manuel Bonjardim em declarações à RUM

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"O que eu espero de uma Feira do Livro é a possibilidade de encontrar livros em alfarrabistas ou livrarias a preços diminutos que, virtualmente, são impossíveis de encontrar". A perspectiva é de Carlos de Oliveira, proprietário da livraria alfarrabista Bracara Alfarrabium e umas das 20 presentes na Feira do Livro de Braga que arranca esta sexta-feira em formato virtual.


A Câmara de Braga justificou a tomada de decisão de realizar a 29ª edição do evento em ambiente digital no passado mês de Março por causa da Covid-19, numa altura em que se perspectivava que o pico da pandemia fosse em Maio. No ciberespaço, o evento apresenta, até Setembro, 20 expositores virtuais de livrarias espalhados pelas avenidas virtuais da cidade, onde os visitantes podem comprar livros através da plataforma online Dott


A venda de livros no digital não é novidade para Carlos de Oliveira, que lançou recentemente um site associado à sua livraria por considerar que "hoje quase não se subsiste se não se estiver nos meios digitais". No entanto, o dono da livraria alfarrabista é da opinião que o ciberespaço "não é a maneira privilegiada de se vender livros", razão pela qual está "céptico" quanto ao sucesso da Feira do Livro deste ano, assinalando que seria possível "chegar a uma forma higienicamente plausível de realizar uma Feira verdadeira e real".


Apesar das reservas, o dono da Bracara Alfarrabium compreende a decisão da Câmara em não correr riscos, a qual é corroborada pela sua homóloga Sofia Afonso, uma das proprietárias da Centésima Página, outra das livrarias que podem ser encontradas entre os expositores virtuais da Feira do Livro. A responsável admite que "o ano é de excepcionalidade" mas fundamenta que "a Feira do Livro é a festa do livro e tem de ser celebrada na rua", manifestando reservas quanto ao possível benefício da venda de livros online, meio através do qual se poderá chegar a um maior número de pessoas.


"Não sei o que é que isso representa em termos de número, principalmente quando no online a concorrência entre plataformas de vendas é muito forte", argumenta, criticando, ainda, a ausência de auscultação, por parte da autarquia, a todos os livreiros da cidade quanto à decisão de realizar a Feira do Livro online. "As consultas são sempre um exercício democrático, de cidadania plena, e este até seria um ano para redesenhar o próprio formato da Feira", atira.


Ao contrário de Sofia Afonso, o proprietário da livraria Bracara, Manuel Bonjardim, esteve reunido, presencialmente e através de vídeo-conferências, com responsáveis da autarquia, que quiseram ouvir a opinião do livreiro quanto ao modelo implementado na Feira deste ano. Manuel Bonjardim é a favor do modelo digital por considerar que "o vírus ainda anda aí", alertando, porém, que o formato da Feira do Livro de Braga tem de ser objecto de reconsideração já no próximo ano.


"A experiência da Feira do Livro em Braga tem sido muito má, o ano passado foi péssima, e até as feiras de Ponte de Lima e Barcelos são melhores. É preciso que livreiros e Câmara falem para melhorar o modelo", argumenta.


A edição da Feira do Livro 2020 decorre entre esta sexta-feira e o dia 3 de Setembro e vai contar com a habitual venda e compra de livros, conversas com escritores e passatempos, tudo em ambiente digital.

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