Regional 31.10.2020 15H02
Oposição critica concessão para ala da alimentação do Mercado, mas AM aprova
Contrato de concessão prevê um prazo de 25 anos, pelo valor mensal de três mil euros. Ponto foi aprovado com 20 abstenções e sete votos contra.
O concurso público para a concessão de exploração da ala da alimentação do Mercado Municipal de Braga foi aprovada, esta sexta-feira, em Assembleia Municipal.
O ponto mereceu o voto contra de sete deputados e abstenção de outros 20, mas teve o parecer favorável dos restantes 39.
Os deputados dos partidos da oposição contestaram a opção da autarquia de entregar a gestão da ala da alimentação do Mercado Municipal a um concessionário, pelo prazo de 25 anos. O contrato terá um preço base de três mil euros mensais para a exploração da ala, valor que também mereceu a crítica da oposição. Recorde-se que já em reunião de Câmara estes aspectos tinham sido contestados pelos vereadores da CDU e do PS.
O preço base de licitação foi o que mais insegurança suscitou à maioria dos deputados municipais.
"Basta analisar o mercado de arrendamento de espaços comerciais de Braga para percebermos que o preço por metro quadrado nesta concessão é muito abaixo do praticado actualmente", criticou Marcos Couto, da CDU.
Do lado do Bloco de Esquerda, Alexandra Vieira também "estranha" o valor. "Poucos serão os candidatos, a não ser que exista já interesse por parte de uma cadeia de distribuição", afirmou.
Na resposta, o social democrata João Granja assegurou que "o valor base do concurso não é o valor pelo qual vai ser entregue". "Mercados com outras dimensões partiram de valores idênticos ou até inferiores", apontou o depuatdo do PSD, dando o exemplo do Mercado do Bolhão, no Porto, que "tem uma área de alimentação superior e a base de licitação foram 2.800 euros".
"Com a concessão a preço de amigos a mais-valia não chegará para cobrir os custos de manutenção do espaço"
Ainda assim, António Lima insistiu que sendo o preço base três mil euros "pode ser adjudicado por esse valor, se ninguém der mais". "É uma política de favor relativamente aos outros comerciantes do mercado. O que tem acontecido em outros mercados é que, depois, os vendedores aparecem a vender na rua, à volta do mercado", disse o deputado do BE. Também Marcos Couto referiu que nestes mercados de Lisboa os vendedores "além de serem poucos, estão escondidos".
"Com a concessão a preço de amigos a mais-valia não chegará para cobrir os custos de manutenção do espaço", disse o comunista, que também discorda do período de concessão de 25 anos, uma vez que atira este "mau negócio" para as mãos de futuros presidentes. Este aspecto mereceu também o comentário do socialista João Nogueira, que consiera que a concessão "é demasiado longa e o município pode correr alguns riscos". "Seria importante que a gestão fosse feita pela Câmara", sugeriu. João Granja explicou que "não é vocação da Câmara fazer a gestão de um espaço comercial com aquelas característricas". Já António Lima disse que este período "vai limitar a capacidade da autarquia fazer coisas novas".
Oposição acusa Câmara de Braga de "distorcer o conceito popular e genuíno do Mercado"
No decorrer da discurssão, o PSD acusou os socialistas de nunca terem realizado "investimentos significativos" no espaço, que o levou "ao estado de degradação" em que se encontrava e forçou "obras de maior envergadura", justificando a derrapagem que a obra já leva.
CDU, Bloco de Esquerda e PS acusaram a autarquia de querer "distorcer o conceito popular e genuíno do Mercado". Para o comunista Marcos Couto, "esta maioria quer transformar o mercado numa espécie de centro comercial para turista ver". Uma posição sublinhada pelo deputado do BE, António Lima, que considera que o Mercado caminha no sentido "de ser uma praça de alimentação decorada com alguma coisa à volta".
O social democrata garantiu ainda que em causa está a "valorização do mercado, aumento das suas valências integradas na realidade da cidade, preservando a tradição do Mercado alinhado com a modernidade".
BE critica aumento do valor das rendas e pede urgência no regresso dos feirantes às imediações do Mercado
Alexandra Vieira recordou ainda a "expulsão dos feirantes que costumavam vender nas imediações do Mercado", apelando à urgência de "garantir o seu regresso à zona periférica do mercado, dinamizando a cidade e o comércio". A bloquista criticou ainda "as novas rendas" dos vendedores. "Não podem ser os vendedores a pagar a factura da recuperação", finalizou.