Miguel Corais renunciou ao lugar de vereador da Câmara Municipal de Braga. Num comunicado enviado às redacções, e dez meses depois de ter pedido suspensão, Corais aponta "razões profissionais e políticas" e "a falta de condições geradas pelo PS/Braga” para justificar a sua decisão. 

Em 2017, Miguel Corais foi o candidato indicado pelo PS na corrida à Câmara de Braga, papel que aceitou, explica, para “servir os bracarenses” e para assumir um papel de “mudança”. 

"Foi-me pedido por muitos camaradas que assumisse o papel de candidato, por acreditarem que seria a figura ideal para assumir um papel de liderança construtiva e de rosto do Partido Socialista na autarquia nos 4 anos seguintes, apoiado pelos demais eleitos e pelo Partido Socialista, afirmando paulatinamente uma oposição e uma alternativa credível que possibilitasse credibilizar o partido socialista junto dos bracarenses. 

Recordo-me de lhes questionar, se sabiam o que me estavam a pedir. Tínhamos na nossa posse uma sondagem que nos dava entre 15% a 17% e a escassos meses das eleições, a direção do PS/Braga não tinha ainda definido o seu candidato. Tinha plena consciência o tão pouco tempo que tinha para me preparar. Mesmo assim, em menos de cinco meses, chegamos perto dos 28% em termos de votação", recordou.

Corais diz ainda sair "fora de lógicas tático-partidária dominadas por alguns interesses pessoais e atropelos que descredibilizam a política, os seus actores, a democracia, os partidos, perante a sociedade bracarense”. 

"Após muita reflexão", afirmou, "desistir da militância e permanecer no executivo na condição de independente seria desistir dos seus valores, princípios e convicções, mas também desiludir aqueles que votaram numa candidatura, encabeçada por mim, mas sob a sigla do PS”.

Assim, Miguel Corais continua como militante do Partido Socialista mas afirma “nunca ter esperado, ao aceitar um convite para liderar a lista do Partido Socialista, num contexto muito difícil e em cima da hora, receber uma ingratidão imensa, uma deslealdade total e uma falta de solidariedade”.

Presidente da concelhia do PS Braga confirma saída de Miguel Corais mas desconhecia críticas internas

Artur Feio, presidente da concelhia do PS Braga e número dois de Miguel Corais na lista do PS em 2017 anunciou que recebeu a notícia de saída de Miguel Corais pelo próprio, num telefonema feito este fim-de-semana. Quando contactado pela RUM, Artur Feio disse desconhecer as críticas apontadas por Corais ao Partido Socialista, apreciações que não terão constado nesse telefonema. 

"Desconheço de todo o comunicado. O Miguel Corais teve a delicadeza de me telefonar no fim-de-semana a anunciar essa decisão", disse, acrescentando que o candidato derrotado em 2017 "afastou-se muito do Partido Socialista" não tendo neste momento "uma militância activa". O presidente da concelhia disse esperar que Miguel Corais "volte o mais rápido possível à vida activa política", e aproveitou para elogiar o trabalho e dedicação da sua sucessora na vereação, Helena Teixeira. "Não é morrendo uma andorinha que acaba a Primavera. Temos entretanto a Helena que tem feito um trabalho muito bom e acabamos por ter essa felicidade de ter alguém com uma competência também muito grande em áreas que eram muito próximas das do Miguel", referiu.