Cultura 27.05.2020 11H22
Minho Inovação lança rede de residências artísticas para toda a região
O projecto, orçado em 96 mil euros, arranca no próximo mês em Vila Nova de Famalicão.
Durante um ano, cada um dos 24 concelhos que pertencem à região do Minho vai acolher uma residência artística. O projecto inserido na marca 'Amar o Minho' está a ser desenvolvido pelo consórcio Minho Inovação, composto pelas comunidades intermunicipais do Alto Minho, do Ave e do Cávado.
O programa inclui artistas, nacionais e estrangeiros, que, a partir do próximo mês, vão habitar o território e recriá-lo em projectos de arte em espaço público, artesanato, fotografia, música, dança e literatura.
Segundo António Rafael, um dos curadores, o conceito da iniciativa passa por cada convidado "pegar em elementos identitários do Minho, como a paisagem, a água, o movimento das festas ou os cantares, e pensá-los artisticamente no século XXI".
A rede de residências artísticas está a ser desenvolvida pela organização em conjunto com os responsáveis locais dos municípios. Para o músico dos Mão Morta, "trabalhar os 24 concelhos de forma articulada é muito bom", referindo que "nunca se fez nada assim".
"Costuma-se dizer que o Minho é uma região de campos pequenos e de muros altos enquanto o Alentejo é uma região de campos grandes e de muros baixinhos. Se calhar é bom que o Minho deixe de ter muros tão altos entre si", acrescenta.
Rede de residências artísticas começa em Vila Nova de Famalicão
António Rafael é um dos curadores do projecto, a par de Helena Mendes Pereira, directora da zet gallery. Na hora de escolher os artistas, o músico explica que o objectivo passou por "encontar pessoas, algumas do Minho e outras não, que tivessem a capacidade de fugir ao óbvio e pensassem e trabalhassem os temas numa linguagem contemporânea".
A primeira vaga de residências artísticas arranca já no próximo mês, com a intervenção da artista plástica Xana Abreu em Vila Nova de Famalicão, que inaugura durante a primeira quinzena de Junho uma obra de arte num espaço público do concelho.
No dia 24, Guimarães comemora o dia do município com a inauguração de uma obra de arte, também em espaço público, desta feita assinada pela pintora Mónica Mindelis. A artista vai desenvolver uma pintura mural inspirada na colecção do Centro Internacional de Artes José Guimarães, trazendo, desta forma, o museu para a rua.
O programa cultural 'Amar o Minho' conta também com o trabalho de Rodrigo Amado, que estará em residência artística em Mondim de Basto, com um projeto de fotografia durante as primeiras duas semanas de Julho. A convite dos municípios de Fafe e de Esposende, o artista vimaranense Luís Canário Rocha vai estar em residência artística para desenvolver duas obras de arte a inaugurar em Agosto.
A importância histórica e cultural da actividade olárica e cerâmica em Barcelos dá o mote ao desafio lançado a Ana Almeida Pinto, que vai conceptualizar e criar, em parceria com artesãos locais, uma obra para o Museu da Olaria. O resultado poderá ser visto durante a primeira quinzena de Setembro.
O périplo deste projecto artístico e cultural em rede chega em Outubro à Póvoa de Lanhoso, onde Patrícia Oliveira vai criar uma obra para o espaço público, que será também uma homenagem à filigrana. No mesmo mês, Mónica Mindelis regressa às residências artísticas para produzir uma obra de arte para Vila Verde, a partir da técnica e da imagética dos Lenços de Namorados. A iniciativa estará integrada na 11ª Bienal Internacional de Arte Jovem.
Em Novembro, a música assume lugar de destaque. O município de Ponte de Lima é o anfitrião da residência artística de André Henriques, membro da banda Linda Martini. O último quadrimestre de 2020 encerra com a residência artística de Miguel Pereira, que desenvolverá em Ponte da Barca um projecto de bailado em parceria com a escola de ballet local.
Os municípios de Amares, Arcos de Valdevez, Braga, Cabeceiras de Basto, Caminha, Melgaço, Monção, Paredes de Coura, Valença, Viana do Castelo, Vieira do Minho, Vila Nova de Cerveira e Vizela acolhem residências artísticas durante o primeiro semestre de 2021. Os nomes dos artistas destinados para estes concelhos ainda não foram revelados.
Minho Inovação investe 96 mil euros na rede de residências artísticas
Apesar de a iniciativa arrancar em plena pandemia, António Rafael garante que a iniciativa, orçada em 96 mil euros, "já estava a ser trabalhada" anteriormente, acrescentando que, nos últimos meses, foi "amadurecida".
"Deu-nos especial prazer quando contactámos os artistas. Todas as pessoas que trabalham nas artes passaram os últimos tempos a receber cancelamentos atrás de cancelamentos, alguns contra a lei, mas este projecto está a correr dentro do que estava previsto", conta um dos curadores do projecto.
O músico dos Mão Morta refere ainda que a participação nesta iniciativa será "um bom contributo" para os artistas numa altura em que o sector cultural é um dos mais afectados pela crise.