Cultura 03.06.2019 12H16
Morreu Agustina Bessa-Luís
Escritora morre aos 96 anos.
Agustina Bessa-Luís morreu, esta segunda-feira, no Porto, confirmou à TSF Isabel Rio Novo, a biógrafa não-autorizada da escritora.
A escritora, de 96 anos, encontrava-se em sua casa, no Porto, e terá sido vítima de doença prolongada. A missa de corpo presente irá realizar-se esta tarde, a partir das 16h00, na Sé do Porto. O funeral acontece esta terça-feira, no Peso da Régua.
Agustina Bessa-Luís, cujo verdadeiro nome era Maria Agustina Ferreira Teixeira Bessa, nasceu a 15 de outubro de 1922, em Amarante.
Foi autora de mais de meia centena de obras, entre romances, contos, peça de teatro, biografias, crónicas de viagem, ensaios e livros infantis. A sua obra foi traduzida para alemão, castelhano, dinamarquês, francês, grego, italiano e romeno.
Estreou-se como romancista em 1949, com a obra "Mundo Fechado". Mas seria o romance "A Sibila", publicado em 1954, que lhe trouxe o reconhecimento. Escreveu também peças de teatro e guiões para televisão.
Vários dos seus romances foram adaptados ao cinema, pelo realizador Manoel de Oliveira - com quem manteve durante muitos anos uma relação de amizade -, como "Fanny Owen" ("Francisca", 1981), "Vale Abraão" (filme homónimo, 1993), "As Terras do Risco" ("O Convento", 1995) e "A Mãe de um Rio" ("Inquietude", 1998). O romance "As Fúrias" foi adaptado para teatro e encenado por Filipe La Féria, (Teatro Nacional D. Maria II, 1995).
Além da obra literária, Agustina Bessa-Luís dedicou-se também à imprensa e ao teatro. Foi diretora do jornal O Primeiro de Janeiro, entre 1986 e 1987, e diretora do Teatro Nacional D. Maria II, entre 1990 e 1993.
Foi ainda membro do Conselho Diretivo da Comunitá Europea degli Scrittori (Roma), da Academie Européenne des Sciences, des Arts et des Lettres (Paris), da Academia Brasileira de Letras e da Academia das Ciências de Lisboa. Recebeu, em 2005, o doutoramento honoris causa pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto.
Foi distinguida com o grau de Grande-Oficial da Ordem Militar de Sant'Iago da Espada, a 9 de Abril de 1981, e elevada ao grau de Grã-Cruz da mesma ordem, a 26 de Janeiro de 2006.
Venceu o Prémio Eça de Queirós (1954), o Prémio Ricardo Malheiros (1966 e 1977), o Prémio D. Dinis (1980), o Prémio P.E.N. Clube Português de Novelística (1981), o Grande Prémio de Romance e Novela APE/IPLB (1983), o Prémio Seiva de Literatura (1988), o Prémio da Crítica da Associação Portuguesa de Críticos Literários (1992), a Medalha de Mérito Cultural (1993), o Prémio União Latina de Literaturas Românicas (1997), o Globo de Ouro (2002).
Em 2004, recebeu a mais alta distinção da literatura portuguesa, o Prémio Camões.
A última obra da autora, "A Ronda do Noite", foi publicada em 2006. Desde então, Agustina Bessa-Luís deixou de escrever e retirou-se da vida pública, por questões de saúde.
*TSF