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Fotografia: Nuno Gonçalves/UMinho
Tiago Barquinha

Academia 04.04.2024 15H00

Nuno Palma defende aumento das propinas e alerta para cenário “terceiro-mundista” na FCT

Escrito por Tiago Barquinha
O professor da Universidade de Manchester apresentou a obra 'As causas do atraso português’.
As declarações do autor.

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O Ensino Superior também tem culpas no cartório no que diz respeito ao estado a que o país chegou. A premissa é defendida por Nuno Palma, autor do livro ‘As causas do atraso português’, apresentado, esta quarta-feira, no auditório dst da Escola de Economia e Gestão da Universidade do Minho, em Braga.


Abordando a questão das propinas, o professor catedrático do departamento de Economia da Universidade de Manchester mostra-se favorável ao aumento do valor, “sempre acompanhado por uma intervenção do Estado”. Considera que as instituições de Ensino Superior "deveriam ter a liberdade de cobrar as propinas que entendessem, pelo menos dentro de um limite muito maior do que existe agora”.


Quem não tivesse condições para pagar, explica, receberia um empréstimo, devolvendo o montante quando entrasse no mercado laboral, “saísse ou não de Portugal”. Nuno Palma argumenta que “ninguém, por falta de recursos, deixaria de ir para a universidade” e que esta medida levaria “a um alinhamento entre quem beneficia e quem paga”.


“É muito mais socialmente justo do que temos agora. Na prática, os pobres, pelo menos os que pagam impostos, estão a pagar aos ricos (…) Temos pessoas que vão para as melhores universidades porque têm as notas mais altas. Em parte isso acontece por mérito, mas, em muitos casos, vêm de contextos sociais e económicos muito favorecidos e pagam 800 euros por ano. Já que a diferença do custo real é muito superior, quem paga o resto? São as pessoas que não vão para a universidade ou as que até vão para universidades privadas”, refere.



Autor arrasa critérios aplicados pela FCT


Fernando Alexandre é o novo ministro da Ciência, Educação e Inovação. Assumindo que já teve uma conversa privada com o professor da Escola de Economia e Gestão da Universidade do Minho sobre o tema, o autor da obra defende o fim das vagas limitadas nos cursos do Ensino Superior.


“Para haver concorrência entre as universidades públicas de boa qualidade”, é da opinião que “os alunos devem poder ir para onde quiserem". Nesse sentido, afirma, "as de má qualidade, como acontece, por exemplo, no interior do país, devem ser fechadas". "As universidades de má qualidade estão a condenar gerações futuras das pessoas que estudam lá”, critica, acrescentando que, "genericamente, a qualidade é muito, muito fraca, especialmente em áreas como as ciências sociais e humanas".


Num rol de críticas que atingem todo o setor, a FCT - Fundação para a Ciência e Tecnologia também é visada. Alertando que tem “um funcionamento terceiro-mundista”, Nuno Palma fala da necessidade de “dar uma volta completa” e “pôr à frente da FCT alguém que dê valor ao mérito individual e que avalie as candidaturas em termos do mérito dos currículos das pessoas”.

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