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Marcelo Hermsdorf

Internacional 01.08.2025 19H11

Palmeira. "Bom ou mau, um acordo tem o mérito de criar um clima aparente de estabilidade"

Escrito por Marcelo Hermsdorf
Para o especialista em Ciência Política da UMinho, a guerra comercial dos Estados Unidos pode penalizar Donald Trump, se a situação económica se deteriorar.
Palavras de José Palmeira.

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O Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, decidiu, através de ordem executiva, que as novas taxas sobre as tarifas comerciais, incluindo com os países da União Europeia, começam a ser aplicadas a partir de 7 de agosto. O novo plano foi publicado na noite desta quinta-feira no portal da Internet da Casa Branca, horas antes do fim do prazo dado aos parceiros comerciais para chegarem a um acordo sobre as novas taxas.


Apesar de terem anunciado um acordo na última segunda-feira, a União Europeia e os Estados Unidos ainda estão a finalizar o texto oficial do acordo comercial para tarifas norte-americanas de 15% a produtos europeus. Em entrevista à RUM, o especialista em Ciência Política da UMinho, José Palmeira, aponta que o acordo cria uma previsibilidade sobre o que vai ser cobrado do bloco económico, pois “o pior que pode acontecer para os mercados é a instabilidade, não saber com aquilo que se conta”.


O professor que não é possível saber se o acordo “se isto foi uma derrota ou uma vitória para a União Europeia”, mas “bom ou mau, tem pelo menos o mérito de criar um clima aparente de estabilidade”. “Aparente, porque aquilo que nos habituou os Estados Unidos com Trump é mudar de opinião muito rapidamente”, vinca.


Entretanto, na contramão dos apelos de Donald Trump, o banco central americano decidiu manter inalteradas as taxas de juro, enquanto a inflação nos Estados Unidos permanece alta, o que, para José Palmeira pode ser “o feitiço que pode subir à contra do feiticeiro”. Esclarece que, com as taxas, quem vai pagar mais caro pelos produtos europeus, serão os consumidores nos Estados Unidos. Com a subida da inflação, pode significar, aponta, que politicamente “Donald Trump poderá ser penalizado por via disso”. “Para já é verdade que parece que Donald Trump está numa posição de força, mas se a situação económica norte-americana se deteriorar, ele e o Partido Republicano serão as primeiras vítimas”, alerta.


O especialista destaca ainda que os Estados Unidos têm utilizado a vertente económica como “arma de retaliação política”, como ameaçou fazer com o Canadá, se reconhecesse o estado palestiniano, e com a Rússia, para um acordo de paz com a Ucrânia, além da tentativa de intervenção na justiça brasileira. Segundo José Palmeira, uma prova disso é que o acordo que foi celebrado com a União Europeia prevê que o bloco económico adquira “quer energia, quer armamento aos Estados Unidos”.


Para José Palmeira, um dos resultados da guerra comercial americana é a procura dos mercados taxados por novos parceiros económicos como a Ásia e África, “sobretudo aquelas regiões que têm maior desenvolvimento, o caso da África Austral”. O especialista recorda o acordo celebrado com o Mercosul, em dezembro de 2024, “um bloco económico poderoso e que poderá ser uma boa alternativa aos Estados Unidos”, finaliza.

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