ºC, Braga
Braga

Max º Min º

Guimarães

Max º Min º

null
Redação

Academia 03.07.2025 12H12

Pedro Morgado. "A nossa saúde mental permite-nos contribuir para a sociedade através do trabalho" 

Escrito por Redação
O psiquiatra e professor da Escola de Medicina da Universidade do Minho, que foi um dos convidados pela unidade local de Braga da ACT para celebrar os 90 anos da instituição, falou sobre os riscos psicossociais na atualidade das relações laborais.
Declarações do professor da Escola de Medicina da Universidade do Minho, Pedro Morgado

false / 0:00

A saúde mental das pessoas que trabalham é um elemento que não pode ser desvalorizado pelas entidades empregadoras e pelos próprios trabalhadores. O alerta é do docente,  investigador e psiquiatra da Universidade do Minho, Pedro Morgado.

A propósito das comemorações dos 90 anos da Unidade Local de Braga da ACT, o especialista foi convidado a falar sobre os “Desafios atuais das relações laborais”. Na sua intervenção, o especialista começou por referir a importância do trabalho para a saúde mental das pessoas. “Na maior parte dos estudos, as pessoas que trabalham, comparativamente às pessoas que estão desempregadas têm melhores indicadores de saúde física e mental”.

No entanto, apesar disso, nos dias que correm o trabalho também pode ser fonte de problemas, nomeadamente, o burnout, os quadros depressivos e até questões relacionadas com o abuso de substâncias que, na opinião, do investigador, ainda são descuradas pela sociedade e pelo local de trabalho.


Estes e outros fatores psicossociais, quando relacionados com o trabalho, podem ter dimensões múltiplas e estão muitas vezes relacionados com a natureza do emprego. As relações com os colegas e as chefias, a perceção sobre a valorização do seu trabalho, a compatibilização com a vida pessoal são alguns fatores pessoais e contextuais referidos pelo especialista na iniciativa realizada na Biblioteca Lúcio Craveiro da Silva a propósito das comemorações dos 90 anos da Unidade Local de Braga da ACT.


A grande carga horária e o pagamento desproporcional são, na opinião do investigador, um caso tipicamente português. “Em Portugal trabalha-se muitas horas, se elas são produtivas ou não é outra conversa”, remata.


Para o professor, esta perceção e muitos dos problemas de saúde mental associados ao trabalho estão ligados à uberização do trabalho. Este novo modelo de trabalho com maior flexibilidade e autonomia, efetivamente oferece várias vantagens para uma sociedade sempre conectada, mas está também na base de uma sociedade menos empática, mais individualista, mais competitiva e menos presente. "A grande transformação que está a acontecer no trabalho é provocada por uma transformação que está a acontecer na sociedade e que tem a ver com o individualismo crescente".
Caso disso é a geração z que, na expectativa de encontrar um trabalho mais flexível, mais alinhado com os seus valores pessoais e com a valorização da saúde mental, é também ela "uma geração que muda muitas mais vezes de emprego, que vive com maior instabilidade financeira e que evidencia piores indicadores de saúde mental e de bem-estar".


*Escrito por José Silva Brás


Deixa-nos uma mensagem