Regional 13.10.2022 11H47
Pedro Sousa "sem medo", aceita "património bom e mau do PS"
O presidente da comissão política concelhia do PS Braga esteve na RUM. Na entrevista ao Campus Verbal não fugiu ao caso do pai, Vítor Sousa e deu a sua opinião sobre o que deve ser o papel de um deputado na AR.
Pedro Sousa afirma que é preciso aceitar todo o património que o PS deixou em 37 anos de governação da cidade de Braga, ainda que nem tudo seja positivo. No programa Campus verbal, o socialista sublinhou que o processo de corrupção a que o seu pai, Vítor Sousa, esteve associado e do qual foi, entretanto, ilibado, não o vai impedir de prosseguir o seu caminho dentro do PS.
“Se tivesse medo desse tipo de coisas não estava a fazer política. Portanto, se nós acreditamos na justiça quando ela condena, também devemos acreditar na justiça quando ela absolve”, respondeu, sublinhando que mesmo assim “nada repara os danos que foram causados à imagem” do pai.
Privatização da Agere e compra das Convertidas foram decisões "erradas"
Em entrevista à RUM, o novo líder local socialista recordou o progresso da cidade aquando da governação de Mesquita Machado, mas também admitiu que várias decisões foram erradas. "Tenho muito orgulho na história de progresso e desenvolvimento que o PS imprimiu ao concelho de Braga”, ainda que um conjunto de decisões tenham sido “erradas”, nomeadamente a privatização da Agere ou a compra do Recolhimento das Convertidas, exemplificou. Este último processo aconteceu em 2013, a poucos meses da saída de Mesquita Machado do poder e quando ainda era vice-presidente Vítor Sousa. Ora, Pedro Sousa disse ter criticado desde o início a posição da maioria socialista, entendendo até que essa decisão custou as eleições autárquicas de 2013. Afirmando-se como “um orgulhoso socialista da sua história toda”, Pedro Sousa assume que é preciso aceitar o património bom e mau.
Pedro Sousa disse ainda estar na política “sem nenhum receio” e “com grande rigor”, procurando “dar um horizonte melhor aos bracarenses de hoje e de amanhã”.
Legislativas. "Fui afastado das listas por ingerências locais e não nacionais"
Nesta mesma entrevista, o novo presidente do PS Braga, referiu também que o seu afastamento das listas do PS nas legislativas aconteceu por “ingerências mais locais do que nacionais interessadas a que não fosse candidato a deputado”. “Basta ver quem é que herdou esse lugar de deputado [Hugo Pires] para perceber de onde veio essa tentativa de contaminação. Tenho boa relação com o PS nacional, ando no partido há vinte anos e conheço hoje grande parte das figuras nacionais do PS, muitos deles são da mesma geração que eu”, constatou, afiançando que terá encontros com diferentes agentes políticos nacionais do partido nos próximos tempos.
Pedro Sousa defende outra postura por parte de deputados eleitos na AR
Hugo Pires e Palmira Maciel, do concelho de Braga, ocupam atualmente as funções de deputados do PS na Assembleia da República (AR). Desafiado a avaliar a prestação dos mesmos, aponta que cada um tem o seu estilo, defendendo, no entanto, algumas caraterísticas que evidenciou numa carta de compromissos aquando da preparação das listas para as legislativas, e antes de saber que seria riscado das mesmas. Aí constavam, entre outros pontos, a “prestação de contas e horas regulares no município para receber os cidadãos eleitores com questões e com dúvidas”, recordou. “O que lhe posso dizer, e acho que isso responde à sua pergunta, é que do quadro daquilo que era a minha carta de compromissos, as coisas a que eu me propus não são feitas pelos atuais eleitos”, finalizou.