Nacional 25.10.2025 15H00
Portugal tem um conjunto robusto de oportunidades na economia digital
De acordo com o Estudo do Impacto da Economia Digital em Portugal, feito pela ACEPI e GoingNext, em parceria com a Porto Business School, este "identifica um conjunto robusto de oportunidades que podem colocar" o país "numa posição de liderança no contexto da economia digital", apontou Filipe Grilo.
Portugal tem um "conjunto robusto" de oportunidades para liderar na economia digital, com a cibersegurança a ter um potencial para gerar valor, disse à Lusa o coordenador científico do estudo do Impacto da Economia Digital.
De acordo com o Estudo do Impacto da Economia Digital em Portugal, feito pela ACEPI e GoingNext, em parceria com a Porto Business School, este "identifica um conjunto robusto de oportunidades que podem colocar" o país "numa posição de liderança no contexto da economia digital", apontou Filipe Grilo.
"Desde logo, destaca-se o potencial da tecnologia para impulsionar ganhos expressivos de produtividade, através da automatização de processos, da análise inteligente de dados e da otimização de recursos em praticamente todos os setores de atividade", prosseguiu o professor da Porto Business School.
Contudo, "as oportunidades não se esgotam na eficiência operacional, estão a emergir novos modelos de negócio baseados em algoritmos, dados e serviços digitais, que podem ser desenvolvidos em Portugal e exportados globalmente — desde soluções 'as-a-service' até plataformas baseadas em inteligência artificial", acrescentou.
"A cibersegurança, por exemplo, está a afirmar-se como um setor económico por direito próprio, com potencial para gerar valor, talento e exportações", referiu, adiantando que "o mesmo se aplica à sustentabilidade digital, onde Portugal pode combinar competências tecnológicas com os seus recursos naturais e renovar a sua proposta de valor na transição energética".
Além disso, "há ainda oportunidades estratégicas em domínios emergentes como a computação quântica, a biotecnologia digital, os sistemas autónomos e a observação da Terra, em que o país pode ganhar relevância se investir cedo, com visão europeia e foco na inovação aplicada".
Depois, "em última análise, a maior oportunidade talvez não esteja numa tecnologia específica, mas na possibilidade de usar o digital para resolver bloqueios estruturais da economia portuguesa: aumentar a produtividade, escalar negócios, atrair investimento e qualificar o emprego".
A tecnologia existe, mas o "verdadeiro desafio — e a verdadeira oportunidade — está na forma como a integramos com inteligência", enfatizou o coordenador científico do estudo. Relativamente ao estado de digitalização dos serviços públicos em Portugal, Gabriel Coimbra, 'partner' da GoingNext, apontou que, segundo o estudo, "o país atingiu 84,5 pontos no índice europeu de serviços digitais para cidadãos — acima da média da União Europeia (82,3) — e 84,3 pontos no caso das empresas, praticamente em linha com a média europeia (86,2)".
Gabriel Coimbra destacou ainda outros indicadores, como o facto de "85% dos utilizadores de Internet em Portugal recorreram a 'websites' ou 'apps' da Administração Pública em 2024, 10 pontos acima da média europeia (75%)". Por exemplo, "o número de autenticações digitais (Cartão de Cidadão e Chave Móvel Digital) cresceu de um milhão em 2015 para quase 30 milhões em 2024, demonstrando uma adesão massiva e sustentada aos serviços digitais".
Em suma, Portugal "tem vindo a consolidar um modelo de Administração Pública digitalmente madura, caracterizada por transparência, eficiência e uma abordagem centrada no utilizador", mas persistem "desafios ao nível da interoperabilidade entre sistemas, da equidade territorial e da literacia digital, essenciais para garantir uma transformação verdadeiramente inclusiva", indicou.
A adoção da inteligência artificial (IA) "ainda é muito baixa, apenas 26% dos organismos da Administração Pública Central já recorrem a tecnologias de IA, sobretudo para 'text mining', automação de fluxos de trabalho e transcrição automática em assembleias e consultas públicas, e neste sentido é preciso acelerar muito e chegar perto dos 100% rapidamente", defendeu Gabriel Coimbra.
LUSA