Nacional 28.07.2022 13H03
Portugal tenta acordo com Espanha para comboio elétrico até Vigo
Notícia ECO. No curto prazo, CP negoceia com Renfe para que o mesmo comboio possa funcionar debaixo de diferentes tensões elétricas. No longo prazo, Portugal quer que Espanha mude a catenária ferroviária.
Portugal e Espanha estão a negociar um acordo para que o mesmo comboio elétrico circule entre Porto e Vigo apesar da diferente tensão na catenária dos dois lados da fronteira. Antes disso, a partir desta quinta-feira, há novas carruagens para o serviço interregional na Linha do Minho.
A situação pode transformar o comboio Celta, que circula com uma automotora diesel alugado a Espanha apesar de toda a linha estar eletrificada. No entanto, entre Porto e Valença, a catenária funciona a 25 mil volts; do lado espanhol, até Vigo, a tensão é de 3 mil volts.
O impasse pode ser resolvido de duas maneiras: no curto prazo, a Renfe pode utilizar a locomotiva elétrica da série 252, compatível com as diferentes tensões na rede ferroviária ibérica; no longo prazo, está a ser negociada a hipótese de Espanha adotar a tensão de 25 mil volts entre a fronteira e Vigo, seguindo os padrões europeus, adiantou o ministro das Infraestruturas e Habitação, Pedro Nuno Santos.
“Não temos comboios bi-tensão. Eles [Renfe] têm. Mas há um trabalho a fazer com o Governo espanhol. A mudança de tensão do lado espanhol não seria um investimento extraordinário”, comentou o ministro.
Governo aposta na renovação da ferrovia. As carruagens foram compradas a Espanha e recuperadas em Portugal
A partir desta quinta-feira, o serviço interregional da Linha do Minho passa a contar com carruagens Arco, que pertencem ao lote de 50 unidades que a CP comprou aos espanhóis da Renfe por 1,5 milhões de euros em junho de 2020.
A CP vai pôr em marcha as carruagens Arco em conjuntos de três unidades: uma carruagem de segunda classe (80 lugares sentados), uma carruagem de primeira classe (56 lugares sentados) e ainda a composição-bar, que inclui espaço para oito bicicletas (25 lugares sentados).
Conforme estiverem totalmente renovadas, as carruagens Arco vão substituir as unidades Corail, habitualmente ao serviço no comboio Intercidades. Para já, estão prontas seis de 34 composições Arco.
A compra e renovação de cada carruagem custou um total de 186 mil euros; se fosse comprada como nova, o preço de mercado poderia atingir até 1,3 milhões de euros, assinalou o presidente em exercício do conselho de administração da CP, Pedro Moreira.
As carruagens Arco são rebocadas por locomotivas 2600, resgatadas a partir do final de 2019 e que foram recuperadas nas oficinas da CP. Sem esse processo, “estaríamos a operar material diesel debaixo de catenária”, assinalou Pedro Moreira.
A Linha do Minho está totalmente eletrificada desde o final de abril de 2021, depois de uma intervenção feita ao abrigo do plano de investimentos Ferrovia 2020.
Graças aos comboios elétricos, houve mais 23% de passageiros na Linha do Minho no primeiro semestre deste ano em comparação com o mesmo período de 2019, antes da pandemia.
"Ainda teremos um comboio integralmente português. Aí chegaremos. Só um país que ambiciona, que sonha, que faz, que concretiza e que respeita o seu povo é que poderá algum dia ser rico", disse o governante na estação de comboios de Valença, no distrito de Viana do Castelo.
Na inauguração das carruagens, a que se seguiu uma viagem entre Valença e Viana do Castelo, estiveram também presentes vários autarcas do Alto Minho e do Norte, bem como o presidente em exercício da CP, Pedro Moreira.
O responsável da empresa ferroviária referiu que as carruagens estão e são "novas", lembrando que aquando da compra a Espanha foram apelidadas de "sucata".
As carruagens Arco, inauguradas esta quinta-feira, podem circular a 200 quilómetros por hora (km/h), dispõem de tomadas USB para carregamento de aparelhos eletrónicos, iluminação LED, disse o presidente da CP, referindo ainda que uma carruagem "tem suporte para bicicletas", até oito, e até "uma zona com sofás, ideal para transportar grupos de pessoas".
Autarca de Valença pede redução do preço do passe
Já o presidente da Câmara de Valença, José Manuel Carpinteira, pediu a redução do preço do passe para circular na linha do Minho, "para incentivar ao uso e utilização do comboio", e também "que haja mais frequência de comboios entre Vigo e o Porto, mas pelo menos entre Valença e Viana".