Regional 08.11.2021 07H00
Praça do Município discute “campanha” do SCB sobre regresso ao 1º de Maio
Os comentadores da RUM defendem que o clube avançou com uma campanha de apelo aos afetos para forçar as suas vontades. O programa de debate político da RUM pode ser ouvido novamente esta segunda-feira, a partir das 20h00.
O projeto apresentado pelo SC Braga para o Estádio 1º de Maio foi motivo de muita discussão no Programa da RUM, Praça do Município. Os comentadores defendem que o clube avançou com uma campanha de apelo aos afetos para forçar as suas vontades.
Na semana passada, o clube minhoto divulgou um vídeo com o lema “O futuro está no primeiro” onde apresenta o projeto orçado em 60 milhões de euros para a requalificação do antigo estádio, nomeadamente, com a instalação de uma cobertura e construção de um edifício anexo para fins comerciais.
Em resposta, o presidente da Câmara Municipal de Braga, Ricardo Rio, adiantou que a Direção Geral do Património Cultural “recusou o projeto porque não respeitava a salvaguarda patrimonial”.
O que pensam os comentadores do Programa Praça do Município sobre o assunto que tem colocado a cidade dos arcebispos a “discutir”.
Na ótica do comentador António Lima, o executivo liderado por Ricardo Rio deveria “fechar a porta” ao projeto do SC Braga e aproveitar o espaço para a criação de um corredor verde por todo o percurso do Rio Este. Uma ideia que tem vindo a ser defendida pelos bloquistas já desde a presidência de Mesquita Machado, segundo o comentador político.
António Lima alerta que caso este projeto fosse aprovado os bracarenses não iriam entender como um clube de futebol consegue construir um centro comercial no centro da cidade, mas, simultaneamente, não existem terrenos para construir residências universitárias ou habitações a preços controlados. Já sobre a possibilidade do SC Braga construir um novo estádio, ou seja, um terceiro estádio no concelho, o bloquista lança a questão: “o que custaria (essa construção) em termos de danos ambientais?”
Do lado de João Granja, pede consenso entre as partes, uma vez que os bracarenses vão pagar uma fatura altíssima pela Pedreira, cerca de 200 milhões de euros, que agora o SCB quer abandonar.
“Aquilo que estamos a assistir é que o Braga produziu uma certa ideia e quer, em certa medida, impor a mesma à cidade e à câmara. É importante que se diga que a reabilitação que o SC Braga apresenta não é compatível com o estatuto de Monumento de Interesse Público que o Estádio 1º de Maio tem, isto porque na prática o que eles (SCB) propõem é a construção de um novo estádio no lugar do 1º de Maio”, afirma.
Aos microfones da RUM, o social democrata reconhece que desconfia do orçamento apresentado, 60 milhões de euros, para a concretização do projeto, uma vez que não é fundamentado em nenhum estudo conhecido, ao contrário do projeto de requalificação da Câmara Municipal de Braga que foi elaborado por especialistas da Universidade do Minho.
Desta forma, João Granja defende que a autarquia deveria avançar de imediato e requalificar o equipamento, uma forma de “forçar o SC Braga” a conversar tranquilamente sobre o tema da Pedreira.
Já Jorge Cruz frisa que este é um assunto "demasiado sério" para ser tratado com o lado emocional e deixa várias questões. Em primeiro lugar, se a intenção de regressar ao 1º de Maio é do SC Braga ou da sua SAD. Por outro lado, se o Braga queria mesmo ficar com o equipamento “porque carga de água é que resolveu construir junto à Pedreira uma academia?”
“Ricardo Rio deve, como presidente, assumir as suas funções em pleno e dar a resposta que uma provocação destas merece”, conclui.
Estádio Municipal de Braga / Pedreira em números
Segundo as contas dos comentadores do programa de debate político da RUM, Praça do Município, com os 200 milhões de euros investidos na Pedreira seria possível construir, em 20 anos, um total de 1.920 apartamentos T3 a preços controlados. Ora, seria o dobro da resposta para as necessidades atuais do concelho, 781agregados familiares.