Regional 17.10.2025 15H41
Praça, lago e charcas. Eis a 1ª fase do projeto para do parque ecomonumental das Sete Fontes
O projeto para os primeiros oito hectares, na parte sul, foi apresentado esta quinta-feira pelo arquiteto Luís Guedes de Carvalho, numa sessão pública em pleno parque.
A porta de entrada do Parque Ecomonumental das Sete Fontes contará com uma praça, seguindo-se um lago e duas charcas "que seriam o sistema natural do parque". A água será retida e aproveitada, permitindo em simultâneo "um espaço fresco e de estar". É um dos pormenores da 1ª fase do projeto do Parque Ecomonumental das Sete Fontes apresentado quatro dias depois das eleições autárquicas, mas que já estava pronto há vários meses.
A 1ª fase do Parque Ecomonumental das Sete Fontes [correspondente a oito hectares] vai ser lançada em breve através de um investimento previsto de 1,5 milhão de euros melhorando condições de acesso, conforto e segurança e preservando a natureza do parque.
A sessão de apresentação aconteceu junto a uma mãe de água e contou com uma explicação inicial do arquiteto Luís Guedes de Carvalho e um breve resumo pelo presidente de Câmara, Ricardo Rio. A assistir, uma vasta plateia, incluindo o próprio vereador do Urbanismo marcaram presença vários presidentes de junta e outras personalidades ligadas à sociedade civil e associações como a ASPA. Este foi o primeiro ato público do município depois das eleições autárquicas e decorre a pouco mais de duas semanas da tomada de posse do novo executivo municipal de Braga.
Segundo o arquiteto, a zona de intervenção vai ter duas entradas, com destaque para a inferior, junto ao Retail, além de várias travessias ao longo do percurso. "Será a mais importante, com uma praça, embora haja a necessidade de vencer um grande desnível. Em relação ao estudo prévio, "um elemento que mudou que são as zonas de água, um lago e duas charcas que seriam o sistema natural deste parque (...) acumula na zona da praça e ali será retida e aproveitada como um elemento que permita um espaço fresco e de estar", especificou. Sobre este pormenor da 1ª fase, o vereador do Urbanismo que acompanhou o processo de há quatro anos a esta parte evidenciou este exemplo como um dos pontos que envolveu alguma discussão interna. "Os charcos que vão aparecer e que são fruto deste projeto, inicialmente havia uma proposta dos projetistas para que fossem artificiais para estarem sempre cheios de água, mas houve quase uma exigência da nossa parte que esse lago fosse o mais natural possível", notando que a conjugação de esforços permitiu "um excelente projeto que salvaguarda o património, que devolve de alguma forma este espaço às pessoas e em que a questão estética" foi trabalhada "com cuidado".
O mobiliário também pretende ser útil, mas o mais natural possível. A opção passará por madeira e metal, enquadrando-se bem no contexto, com "tons de terra, simples e fácil de integrar". A iluminação também se pretende "discreta", jogando com o próprio arvoredo, acrescentou o arquiteto responsável.
De acordo com o presidente da Câmara Municipal de Braga o concurso para a empreitada será lançado "muito em breve", uma vez que se aguardam nesta fase final a obtenção de pareceres externos. "É um espaço notável, não estamos a falar de intervenções de fundo, mas de enquadramento para garantir a fruição, a circulação, com todo o conforto e segurança para as pessoas e para o próprio monumento, que queremos aqui preservar, dando outro enquadramento a este espaço, para que ele seja ainda mais atrativo do que já é hoje e, portanto, é uma intervenção que eu julgo absolutamente necessária, desde logo, para dar mais visibilidade ao parque, para o tornar mais atrativo, para que os bracarentes o descubram e possam tirar proveito deste espaço notável da nossa cidade", resumiu Ricardo Rio.
Há 90 hectares em toda a zona das Sete Fontes, 30 cativadas para a área florestal, 30 urbanizadas e 30 utilizadas para parque verde.
Futuro presidente garante que o Parque das Sete Fontes será uma prioridade
João Rodrigues assinalou que este projeto "não ficou pronto entre domingo e hoje", confidenciando que estava concluído "há alguns meses", mas que a sua apresentação deveria ser feita apenas depois das eleições.
"É uma data muito importante e histórica para a cidade", disse. reiterando também que o Parque Ecomonumental das Sete Fontes será uma prioridade. Evidenciou o que diz ser a qualidade estética do projeto, aliada ao contexto e à preservação do património natural.
A sessão contou, entre outros, com a presença de Teresa Barbosa, da direção da ASPA, ela que em declarações à RUM assinalou a "luta de muitos anos, que começou em 1995 com o pedido de classificação apresentado pela ASPA". Apesar da "satisfação" por ver o projeto avançar, admite que o mesmo "já chega um bocado tarde" porque a expetativa seria pelo menos o ano de 2022.
A dirigente deixou ainda um apelo à autarquia para a salvaguarda também da água que ali existe. "Isto o [complexo] existe porque aqui há um manancial de água absolutamente extraordinário, portanto nós não podemos de maneira nenhuma pensar neste monumento sem pensar na água que cá existe, água essa que hoje em dia tem que ser salvaguardada para que no futuro haja garantia, pode haver a necessidade de a usar, nunca sabemos o que é que vai acontecer", alertou.
Ainda em jeito de recomendação/preocupação, Teresa Barbosa insistiu na necessidade de um estudo da fauna e da flora. "Uma outra coisa que também se esperava, que nós temos insistido com muita frequência, é o estudo da fauna e da flora, fundamentalmente da flora que cá existe e em especial daquela que é autóctone e daquela que é invasora. As espécies invasoras estão a avançar, não só as acáceas como a tintureira (...)é muito difícil controlar as espécies invasoras e era suposto que esse processo de identificação e de combate já tivesse começado há algum tempo", especificou.