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Redação

Academia 15.10.2023 11H33

Programa Erasmus dá bónus de 50 euros a quem viajar sem ser de avião

Escrito por Redação
Programa de intercâmbio universitário dá ajuda extra a estudantes que usem comboio, autocarro e carro partilhado para chegar ao destino. Em Portugal, bónus serve quase só nas idas para Espanha.

O programa Erasmus dá um bónus de 50 euros a todos os estudantes europeus que deixarem de fora o avião na viagem para a universidade de destino. Em Portugal, 1450 estudantes beneficiaram deste apoio extraordinário nos últimos dois anos, no valor total de 72 500 euros. No entanto, o valor é considerado insuficiente e já foi entregue uma petição para quintuplicar a ajuda para os 250 euros. Para beneficiarem deste apoio, os universitários têm de se deslocar de comboio, autocarro ou partilhar o automóvel. 


“Fazem prova todos os bilhetes ou talões de combustível e/ou portagem utilizados durante a viagem”, refere ao DN/Dinheiro Vivo fonte oficial da Agência Nacional Erasmus+, responsável pelo programa. Além dos 50 euros a mais, deixar o avião de fora confere aos estudantes mais quatro dias de ajudas de custo com o intercâmbio. A medida foi introduzida no ano letivo 2021/2022 para baixar a pegada carbónica do programa Erasmus: entre 2014 e 2021, foram geradas entre 414 000 e 672 000 toneladas de dióxido de carbono, estima o projeto Green Erasmus, liderado pela Associação de Apoio aos Estudantes de Intercâmbio (ESN). Usar meios de transporte menos poluentes é crucial para aumentar a participação no Erasmus em paralelo com a meta europeia de baixar as emissões poluentes em pelo menos 55% até 2030. 


Ir a Espanha para ter bónus O “cheque” de 50 euros acaba por servir, sobretudo, para deslocações entre países vizinhos. Espanha, o principal destino Erasmus para os estudantes portugueses, é a melhor opção para receber o bónus sem passar demasiadas horas dentro do autocarro. Um estudante no Porto ou em Aveiro demora seis horas de expresso a chegar a Salamanca e compra um bilhete com 10 euros. Para Madrid, o mesmo estudante leva oito horas e paga o dobro (pelo menos) pelo ingresso. Barcelona dista a mais de 20 horas se apenas for de autocarro, praticamente o dobro do tempo do que a combinação entre autocarro e os comboios (do lado espanhol). A partir de Coimbra, é possível chegar a Salamanca em menos de quatro horas de autocarro e a Madrid em sete horas, embora as viagens sejam mais caras. Se o destino for Barcelona, o melhor é fazer como os colegas de Aveiro e Porto, dividindo a deslocação entre o autocarro (para atravessar a fronteira) e o comboio (para viagens dentro de Espanha). 


Em Lisboa, enquanto não há comboio direto para Madrid, a viagem mais rápida faz-se de autocarro: custa 20 euros e demora pouco mais de 8 horas – menos uma hora do que os três comboios e por metade do preço. Para a capital da Catalunha, o autocarro direto demora 17 horas, pelo que o mais rápido (10 horas) é ter a viagem multimodal rodoviária e sobre carris. Em Faro, o autocarro até Sevilha dá acesso ao comboio de alta velocidade espanhol até Madrid em pouco mais de seis horas. Se o destino for Barcelona, basta trocar de comboio de alta velocidade na capital de Espanha e seguir pela ferrovia até à principal cidade da Catalunha. São menos de 11 horas de viagem.


 A tarefa não é fácil para os estudantes portugueses que queiram ir além da Península Ibérica. Morar na periferia da Europa e não ter comboios noturnos prejudica qualquer deslocação para lá dos Pirenéus. Atualmente, um estudante que queira viajar entre Lisboa e Paris tem de contar com mais de 20 horas de viagem de autocarro e paga perto de 50 euros por mais de 1500 quilómetros de deslocação – o avião demora duas horas e 30 minutos e o bilhete pode custar menos de 20 euros (conforme a antecedência da compra). Desde março de 2020 que falta o comboio Sud Express, que ligava a capital portuguesa e a estação fronteiriça de Hendaye, seguindo depois até Paris, num total de 18 horas de viagem e com possibilidade de dormir na horizontal. 


Um estudante em Viena que queira passar uns meses em aulas na capital francesa tem mais chances. Não bastar estar no centro da Europa: graças à rede de comboios noturnos, entre a estação central de Viena e a Gare de Paris Est são cerca de 14 horas para percorrer mais de 1200 quilómetros. A partida inicia- -se antes das 20.00 horas e termina antes das 10.00. Entre Viena e Roma, a capital italiana, são cerca de 14 horas de travessia. Com três em cada quatro alunos Erasmus a usarem o avião nas viagens de intercâmbio, o projeto Green Erasmus recolheu mais de 5200 assinaturas para subir o valor da bolsa dos 50 para os 250 euros e aumentar para sete os dias das ajudas de custo. A petição, que contou com mais de 200 subscrições portuguesas, foi discutida em Bruxelas em junho. Atualmente, está a ser finalizado um documento para que a recomendação ganhe força e obrigue a ampliar as ajudas ambientais. As alterações nas regras poderão ser uma ajuda para os estudantes em Portugal à procura de um destino de intercâmbio para o início do próximo ano letivo. 


c/DN

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