Pedro Siza Vieira, ex-ministro da Economia, acredita que “o Minho estará na vanguarda do crescimento económico do país”. O advogado será um dos protagonistas da conferência dedicada à “Reindustrialização da Europa e Oportunidades para Portugal”, que assinalará o 4.º aniversário da AEMinho, na sexta-feira.

“A região do Minho é das mais exportadoras do país, fortemente industrializada, tem sabido acumular conhecimento, formação de recursos humanos, colaboração e competição entre empresas”, denotou.

Siza Vieira evidenciou ainda no Minho “tem havido uma transformação mais clara da capacidade produtiva”.

A propósito do tema central da conferência que assinalará o aniversário da Associação Empresarial do Minho, na sexta-feira, em Ponte de Lima, o ex-ministro lembra que “a Europa produzia bens que o mundo precisava”, mas, “nas últimas décadas, foi-se apercebendo que as tecnologias cada vez mais relevantes acabam por ser dominadas por outras regiões, designadamente Estados Unidos e China”.

“Esse facto, conjugado com a circunstância de a nova presidência americana ter transformado a política comercial numa espécie de ferramenta de domínio geopolítico, com as tarifas que dificultam a entrada dos produtos europeus no mercado americano, associado também à circunstância de se ter que investir mais em outras prioridades, como a defesa contra as agressões externas, acaba por confrontar a Europa com a necessidade muito crítica de rever todos os pressupostos da sua especialização económica”, acrescentou. Nesse sentido, e considerando que a Europa “adiou decisões importantes”, Pedro Siza Vieira espera que, mesmo partindo com atraso, “não seja irremediável”.

Quanto ao papel que Portugal pode ter neste contexto europeu, o ex-governante diz que o país “conseguiu finalmente transformar os investimentos muito significativos que foi fazendo na qualificação dos seus recursos humanos e nas energias renováveis, numa capacidade de se afirmar nos mercados externos”.

“O crescimento da nossa capacidade produtiva vai depender muito do acesso à energia elétrica abundante e barata. Temos condições naturais boas para isso, mas temos que aumentar muito a nossa capacidade de produção de energia e de armazenamento de energia e isso implica sermos capazes de licenciar mais rapidamente aquilo que são as unidades de produção de energia elétrica, as redes de transmissão e distribuição de energia elétrica e as próprias unidades industriais que as vão aproveitar”, afirmou ainda. Siza Vieira aponta ainda ao aumento da despesa do Estado em setores como a Defesa e, por isso, “é muito importante que o regime das compras públicas seja adequado para que as empresas portuguesas possam participar bem nesses processos”. 

“Nós temos demasiadas vezes circunstâncias em que o Estado compra mais barato, o que significa desfavorecer os produtores nacionais relativamente a produtores, às vezes, até fora da União Europeia, que vendem mais barato porque já têm as tecnologias muito desenvolvidas”, denotou, apontando para a mudança “nas políticas públicas, para poderem ser fator de desenvolvimento da competitividade”.

“Acho que é preciso rever muito claramente o Código dos Contratos Públicos e acompanhar todo o esforço que se tem que fazer nas outras coisas que são críticas para a nossa industrialização”, finalizou. 

Pode ouvir a conversa na íntegra aqui.