ºC, Braga
Braga

Max º Min º

Guimarães

Max º Min º

null
Liliana Oliveira

Academia 19.11.2019 13H56

RISE dá origem a guia de boas práticas para sucesso escolar de ciganos

Escrito por Liliana Oliveira
Projeto, com carimbo da UMinho, foi implementado numa escola de Prado e diminuiu o absentismo e insucesso escolar entre crianças ciganas. Secretária de Estado quer replicá-lo noutras escolas do país.
Maria José Casa-Nova, docente da UMinho e responsável pelo projecto, e Cláudia Pereira, secretária de Estado, comentam resultados do projecto RISE

false / 0:00

Dos cerca de 3 mil jovens ciganos, entre os 15 e os 18 anos, que deviam frequentar o ensino secundário nacional apenas 10% o fazem, o que equivale a aproximadamente 256 jovens. As taxas de retenção rondam os 63% neste ciclo escolar e o abandono escolar das crianças de etnia cigana é mais frequente entre raparigas. A taxa de abandono escolar precoce é de 13%, uma significativa parte são crianças ciganas. Os dados surgem de um estudo da professora da Universidade do Minho, Maria José Casa-Nova, que aponta ainda que há “um tratamento desigual entre as crianças e existe uma ausência da história e cultura ciganas nos manuais escolares”. 


No seguimento destes números e pelo facto de a “comunidade cigana apresentar taxas de sucesso escolar muito inferiores” foi implementado, desde 2018, o projecto RISE – Roma Inclusive School Experiences -, numa escola do Agrupamento Escolar de Prado, precisamente com o objectivo de integrar a comunidade cigana e potenciar o sucesso escolar destes alunos. Impulsionado pela Universidade do Minho o projecto, que contou com financiamento europeu, termina em março de 2020. Ainda assim, será feito um 'booklet' de boas práticas para serem seguidas noutras escolas do país frequentadas por crianças ciganas e de outras minorias socioeconómicas. 


O RISE é financiado pela Comissão Europeia e em menos de dois anos já há resultados visiveis: “o absentismo e o insucesso escolar baixaram”. Os dados foram revelados esta terça-feira, no Instituto de Educação da Universidade do Minho, na presença da secretária de Estado da Integração e das Migrações, que considera que o modelo deve ser "aplicado noutras escolas do país". 



RISE contribuiu para que taxa de abandono na escola de Prado seja agora de 0%


“Há um trabalho que a escola tem vindo a desenvolver e o abandono e insucesso têm diminuido gradualmente”, explicou Maria José Casa-Nova, professora da Universidade do Minho e coordenadora do projecto.

A taxa de abandono na escola agora é de 0%, mas o número é também resultado do trabalho “realizado há anos pelos professores e técnicos, nomeadamente a assistente social e a psicóloga, na relação com as famílias”.

E foi também através do trabalho com as famílias que o RISE começou a dar frutos. 


“Tivemos pais ciganos a participar activamente nas actividades propostas pela escola, mas também a dinamizar actividades, tivemos a formação de professores para a educação intercultural, em conceitos basilares que permitem sustentar a prática pedagógica. Com a flexibilidade e articulação curricular e aquilo que chamamos, teoricamente, construção de dispositivos de diferenciação pedagógica, que são práticas que procuram fazer a articulação entre o saber experiencial dos alunos e o currículo académico, torna-se significativo o conhecimento académico fazendo com que os alunos possam aprender e ter sucesso”, detalhou a docente.


O objectivo deste projecto foi inverter o paradigma ensino/aprendizagem, onde ”o foco está no professor” e passar a colocar o aluno do centro da aprendizagem. Por exemplo, “um dos dispositivos foi construir as casas do mundo, onde eles trouxeram o seu saber experiencial para dentro da sala construíndo os compartimentos das casas em função da sua experiência pessoal”.


RISE "está a dar um importante contributo através de práticas que aproximam os alunos, famílias e escola”


Para a secretária de Estado da Integração e Migrações, Cláudia Pereira, o projecto “está a dar um importante contributo através de práticas que aproximam alunos, famílias e escola”.

O objectivo, diz a governante, é “contribuir para integração de todos os portugueses, em particular os ciganos, mas também migrantes e refugiados, através de boas práticas, que temos que continuar a desenvolver e reforçar”. Nesse sentido, relembrou Claúdia Pereira, “há guias para migrantes, reforço da capacitação de professores, bolsas para  alunos de mérito desfavorecidos e ciganos, para que possam completar o ensino secundário e aumentar o número no Ensino Superior, e o programa Escolhas, que promove o sucesso escolar e a educação não formal”.


Deixa-nos uma mensagem