Regional 04.07.2025 19H59
São Geraldo e Pé Alado. Da ruína ao futuro da criação digital em Braga
A requalificação dos edifícios foi apresentada esta sexta-feira como um marco urbano, cultural e comunitário, com conclusão prevista para 2027. O projeto vai ser votado em sede de reunião do executivo, agendada para segunda-feira.
Foi apresentado, esta tarde, no Palácio do Raio, o projeto de requalificação do antigo Cineteatro São Geraldo e do edifício do Pé Alado, que juntos vão dar origem a um novo polo cultural e institucional em Braga: o Media Arts Centre.
O investimento, com um custo total de cerca de 14 milhões de euros, será comparticipado pelo programa Norte 2030. Tal como a RUM já tinha adiantado, no antigo cinema vão nascer novas valências culturais e criativas: um auditório com capacidade para 800 pessoas, uma black box para 500 pessoas, vocacionada para espetáculos e experiências imersivas, um restaurante/cafetaria com capacidade para 80 lugares, salas de criação artística, estúdios de áudio e vídeo, salas de reunião e espaços de trabalho. O espaço será multifuncional e estará preparado para acolher residências artísticas e eventos de programação variada.
Devido às profundas patologias estruturais, o edifício do Pé Alado será demolido. No seu lugar, surgirá a nova sede da União de Freguesias de São Lázaro e São João do Souto, com espaços modernizados para a atividade autárquica e associativa.
O presidente da câmara de Braga, Ricardo Rio, destacou que o projeto "chega a um resultado extraordinário" e que será "impactante do ponto de vista da envolvente, da dinâmica cultural da cidade e da sua afirmação nacional e internacional". Quanto ao financiamento da obra, o autarca detalhou que a comparticipação de fundos comunitários será "entre os seis e sete milhões", com o restante a ser assumido pelo município. Nos próximos meses, será lançado e concurso e espera-se que "de forma realista, a obra comece em 2026 e esteja concluída em 2027."
O edifício do Pé Alado passará a acolher a nova sede da união de freguesias de S. José de S. Lázaro e São João do Souto, que atualmente funciona em instalações com limitações de segurança e espaço. Para o presidente de junta, Miguel Pires, este é "um sonho muito antigo" uma vez que aquela autarquia funcionava "em instalações exíguas, que não permitiam comportar as atividades da freguesia". O novo projeto responde também a uma reivindicação das coletividades e associações da freguesia, que terão finalmente um espaço comum para as coletividades. Será "uma espécie de co-working, com versatilidade para ser usado para trabalho, apresentações, exposições ou armazenamento de materiais", explicou.
A coordenadora executiva da Braga Media Arts, Joana Miranda, apresentou o projeto como um passo firme no compromisso assumido com a UNESCO quando Braga foi reconhecida como Cidade Criativa no domínio das Media Arts. O Media Arts Centre será "um laboratório do futuro, onde artistas, investigadores, tecnólogos e cidadãos se encontrarão para criar o que ainda não existe, para experimentar o que ainda não foi imaginado." Além da infraestrutura física, Joana Miranda revelou que está a ser preparada uma programação mais ambiciosa e diversificada, com residências artísticas, exposições, conferências e ciclos performativos, em articulação com redes e festivais internacionais.
O projeto será votado na segunda-feira, em sede de reunião do executivo municipal.