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Liliana Oliveira

Academia 25.07.2019 18H32

Sofia Costa estudou o animal mais abundante do planeta

Escrito por Liliana Oliveira
Investigadora da UMinho integrou equipa internacional que analisou os nematodes, a espécie que influencia as alterações climáticas.
Sofia Costa, investigadora da UMinho, detalha investigação sobre nematodes

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Sabia que os insectos não são os animais mais abundantes no planeta? 

A investigadora do Centro de Biologia Molecular e Ambiental (CBMA) da Universidade do Minho, Sofia Costa, participou num estudo inédito, de uma equipa internacional, sobre nematodes, esses sim os animais em maior número e que afectam as alterações climáticas.


“Para cada pessoa há 57 mil milhões de nematodes, com uma biomassa estimada de 300 milhões de toneladas na camada superficial do solo”, detalhou à RUM a investigadora.


Mais do que isso. Estes “animais simples, na sua maioria microscópicos”, têm relação directa com as alterações climáticas.

“São determinantes na taxa de decomposição de matéria orgânica, muito rica em carbono, e o solo é o maior reservatório de carbono do planeta. Vai sequestrando este carbono todo, mas, com a actividade de decomposição, vai libertando o carbono para o ar, sob a forma de dióxido de carbono, que é um gás de efeito de estufa como conhecemos. Quantas mais actividades tiverem os nematodes, ligado à temperatura, mais dióxido de carbono vamos ter no ar e mais alterações podemos esperar”, detalhou.



Nematodes podem afectar sistemas agrícolas

Estes pequeníssimos vermes do solo e da água são muito resistentes e ajudam a controlar populações, tendo o “superpoder” de adaptar-se a todo o tipo de ambientes e habitats.

Embora na sua maioria os nematodes sejam benéficos, alguns parasitam animais e plantas, causando “problemas graves, com perdas de produção acentuadas, às vezes de 100%, em sistemas agrícolas”. Nesse caso, explicou Sofia Costa, “os produtores têm que tentar controlar esses nematodes que afectam as plantas, de preferência sem afectar os nematodes que são benéficos para o sistema”, acrescentou a investigadora, que assume ser difícil gerir estas situações.


“No nosso laboratório temos tentado encontrar soluções e estratégias de controlo de nematodes que não passem pela aplicação de pesticidas, que vão afectar todo o resto da comunidade”, adiantou.

Surpreendentemente, estes animais são mais abundantes nas regiões subárticas, “porque há muita matéria orgânica no solo”. "Como está em climas frios não se compõe tao rapidamente e se vai acumulando”, explicou.



Estudou foi publicado na Nature

A equipa internacional, que inclui Sofia Costa, publicou o estudo esta quarta-feira na revista “Nature". 

“Este estudo à escala global na Nature acrescenta conhecimentos sobre o papel da atividade biológica no solo ao nível dos ciclos de carbono e nutrientes do planeta, permitindo definir melhor as previsões dos modelos de alterações globais”, disse a invetsigadora. 


A análise das proporções de nematodes de vários tipos num dado local permite, por exemplo, perceber se este está poluído, adubado em demasia ou se, por outro lado, mantém boas condições para a atividade biológica e para o crescimento das plantas.


A investigação envolveu 70 cientistas de 57 países, sendo liderada pelo Instituto Federal de Tecnologia de Zurique, na Suíça. O trabalho reuniu 6759 amostras de solo em todo o mundo, sendo que Sofia Costa recolheu as amostras portuguesas. A sua equipa tem em curso dois projetos apoiados pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia, que visam explorar os parasitas do tomateiro e da batateira, com vista a desenvolver estratégias de gestão sustentável daqueles nematodes.

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