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Foto: AFP
Maria Carvalho

Internacional 20.01.2025 15H14

Tomada de posse de Donald Trump gera “expectativas diversas consoante as geografias”

Escrito por Maria Carvalho
Republicano é empossado, esta segunda-feira, o 47.º presidente dos EUA. São esperadas cerca de 200 mil pessoas em Washington D.C. para as várias iniciativas associadas à tomada de posse.  

A tomada de posse de Donald Trump, esta segunda-feira, gera, segundo o professor de Ciência Política da Universidade do Minho, José Palmeira, “expectativas diversas consoante as geografias”. 


Por um lado, a maioria dos norte-americanos "está convencida que Donald Trump poderá melhorar economia". Ainda assim, há questões um bocado mais complexas: "a questão migratória que, no caso dos Estados Unidos, tem muitos eleitores que valorizam e querem medidas mais drásticas, e, nesse sentido, também esperam que Donald Trump seja consequente com as promessas que fez".


Já fora dos Estados Unidos, José Palmeira acredita que, nomeadamente na Europa, “há bastante apreensão”, sobretudo no plano militar. "Na questão da Ucrânia há uma expectativa muito grande em qual vai ser o posicionamento da nova administração", refere.


José Palmeira relembra que o mandato é de quatro anos, e que, "embora hoje o mundo corra a uma velocidade estonteante, não dá muito tempo para políticas que sejam estruturais. Vamos ver conjunturalmente como é que a economia vai evoluir nos próximos tempos", acrescenta.


Para o docente, há muitas dúvidas na postura interna que o republicano vai adotar. "A expectativa é que, em relação ao exterior, ele seja agressivo, e que no plano interno possa, por exemplo, desenvolver políticas que, de acordo com aquilo que são as suas caraterísticas, de não acreditar nas alterações climáticas e de prometer que os Estados Unidos vão continuar a apostar nas energias fósseis... até que ponto isso é viável, na medida em que ele tem aliados, como o Elon Musk, que estão precisamente num patamar diferente com interesses no plano dos carros elétricos, por exemplo", nota.


Sobre medidas relativas aos direitos dos cidadãos, José Palmeira admite haver receios de uma regressão mas destaca o facto de a maioria do eleitorado apoiar as suas propostas. "Ele, no fundo, vai cumprir aquilo que prometeu aos americanos e a maioria não se poderá queixar porque ele foi bastante explícito", acrescenta.


Ainda assim, há ponto importante que vai impactar as decisões de Donald Trump: em 2026, há novas eleições para o Congresso. "Neste momento, tem o apoio da Câmara dos Representantes e do Senado, mas pode perder esse apoio. Por outro lado, tem também um Supremo Tribunal que lhe é bastante afeto, o que significa que muitas das suas medidas mais polémicas poderão, eventualmente, passar no crivo desse tribunal", explica.


A cerimónia oficial contará com a presença de ex-presidentes e antigas primeiras-damas.  Entre os líderes internacionais, destaca-se a presença da primeira-ministra italiana, Georgia Meloni, a única chefe de governo da União Europeia a participar. Portugal vai ser representado pelo embaixador português nos Estados Unidos.


Jair Bolsonaro, ex-presidente do Brasil, queria estar presente, mas está impedido de sair do país por decisão da justiça brasileira. Também estará presente o líder do Chega, André Ventura, acompanhado pelo grupo Patriotas pela Europa, do Parlamento Europeu, ao qual o partido pertence.


"No fundo é uma mensagem que Donald Trump manda também para o exterior de que continua solidário com aqueles que, noutros países, defendem políticas populistas, alegadamente anti-sistema, naquela ideia de que de um lado está o povo, que é vítima das elites, e do outro lado estão as elites que exploram o povo. Acontece que isto é um bocado contraditório com os apoios que Donald Trump tem nos Estados Unidos, o que significa que, mais uma vez, vai ter que fazer uma política de equilíbrio entre aquilo que diz e aquilo que faz", conclui o docente.


A cerimónia oficial está marcada para as 17h00 (hora de Lisboa), no Capitólio.

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