Regional 27.02.2020 19H16
Trabalhadores da Herdmar exigem reunião com a administração
Os funcionários realizaram esta quinta-feira um plenário. Paralelamente, à porta da empresa vimaranense, decorreu uma acção de luta que contou com a presença da nova secretária-geral da CGTP.
Está afastada para já a possibilidade dos trabalhadores da Herdmar entrarem em greve. Os funcionários da empresa situada nas Caldas das Taipas, em Guimarães, estiveram reunidos esta quinta-feira em plenário. No final entregaram uma resolução à administração a solicitar uma audiência.
Paralelamente à reunião, à porta da empresa, foi realizada uma acção de luta promovida pelo Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Transformadoras, Energia e Actividades do Ambiente (SITE) do Norte e pelo SITE Centro-Norte, que contou com a presença de Isabel Camarinha, nova secretária-geral da Confederação Geral dos Trabalhadores Portugueses.
Apesar da paralisação ainda não ser uma realidade, Filipe Machado, funcionário da fábrica de cutelarias e dirigente do SITE Norte, afirma peremptoriamente que “a luta é para continuar”. “Temos de insistir numa reunião e não partir já a mesa de negociação. Se não houver resposta às nossas reivindicações, isso será informado aos trabalhadores em plenário. Aí será decidido o próximo passo. Há outras formas de luta sem ser a greve e os trabalhadores dirão qual é que preferem”, refere.
No contacto anterior entre os funcionários e a administração, esta última remeteu a resposta ao caderno reivindicativo para a associação patronal, a Associação dos Industriais Metalúrgicos Metalomecânicos e Afins de Portugal (AIMMAP). Alundindo a essa situação, Filipe Machado exige “uma reunião com os órgãos de gestão, já que são eles que mandam, e não com a associação patronal”.
Trabalhadores da Herdmar exigem subida dos salários e negociação do contrato colectivo de trabalho
A empresa vimaranense aumentou os vencimentos dos trabalhadores, em média, 25 euros no arranque de 2020. Alertando que a subida se deveu ao crescimento do salário mínimo nacional, Joaquim Costa, representante do SITE Norte, refere que “não chega” e pede um “aumento de três euros por dia, de modo a perfazer os 90 euros de aumento salarial para todos os trabalhadores”.
Outra das medidas que consta do caderno reivindicativo é a implementação de 25 dias de férias para todos os trabalhadores - no total, há 160 funcionários. “Existe aqui uma diferença de tratamento. A empresa aplica de forma discriminatória 22 dias de férias para trabalhadores sindicalizados [cerca de metade] e atribuem 25 dias aos que não são sindicalizados . Usam o argumento da assiduidade, independentemente de terem faltado ou não ao longo do ano”, explica.
A somar ainda à redução progressiva do horário de trabalho para as 35 horas, os trabalhadores exigem o desbloqueio da contratação colectiva. Essa é uma das medidas mais importantes, de acordo com a nova secretária-geral da CGTP. Isabel Camarinha destaca que a direcção da Herdmar é vice-presidente da AIMMAP há dez anos e que precisamente há uma década “não é negociado o contrato colectivo do trabalho” nesta empresa.
“As associaçoes patronais querem fazer chantagem, retirando direitos aos trabalhadores, piorando as suas condições, para, às vezes, proporem aumentos tão pequenos, que até são ridículos”. A secretária-geral refere que os patrões apresentam “uma arma” do seu lado que tem vindo a ser travada pela CGTP, que é “a caducidade das convenções colectivas”.