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Biden e Trump esgrimiram os últimos argumentos antes das eleições Jim Bourg - Reuters
Redacção

Internacional 23.10.2020 10H50

Trump e Biden estiveram frente a frente pela última vez

Escrito por Redacção
A situação da pandemia no país e as interferências estrangeiras nas presidenciais foram os principais temas do debate.

Donald Trump e Joe Biden debateram pela última vez antes das eleições norte-americanas, marcadas para 3 de novemnro. Com um botão silenciador a ameaçar calar quem interrompia os ânimos estiveram mais calmos em relação ao primeiro debate.


O candidato presidencial democrata, Joe Biden, avisou que os Estados Unidos vão entrar num "inverno escuro" por causa da pandemia da Covid-19, durante o último debate com o Presidente, Donald Trump, antes das eleições de 3 de novembro. O atual inquilino da Casa Branca afirmou que a culpa é da China.


"Estamos prestes a entrar num inverno escuro e ele não tem um plano claro", disse o democrata, no debate que decorreu esta madrugada em Nashville, Tennessee.


"Não há perspetiva de que uma vacina estará disponível para a maioria do povo americano antes de meados do próximo ano", afirmou.


A Covid-19 foi o primeiro tema da noite moderada pela jornalista da NBC News Kristen Welker, que Donald Trump tinha chamado de "democrata radical de esquerda" antes do debate.


"Duzentos e vinte mil americanos mortos", afirmou Biden. "Qualquer pessoa que é responsável por tantas mortes não deve continuar a ser presidente", disse, referindo que o país está a lidar com 70 mil doentes por dia.


O presidente, que foi hospitalizado no início de Outubro por Covid-19, defendeu-se e enquadrou a crise como "uma pandemia mundial", apontando que a Europa está com um grande aumento de casos de infecção.

O que o Presidente assegurou é que a pandemia "está a ir-se embora", algo que Joe Biden criticou, apontando que Trump "ainda não tem um plano compreensivo" e que a sua previsão para a vacina não é suportada pelas indicações dos cientistas.

"Não tenho culpa de que isto tenha chegado cá, a culpa é da China", afirmou o presidente, que disse estar recuperado de Covid-19 e que aprendeu "bastante" depois de ter contraído a doença.


Famílias separadas provocam confronto

Num debate ordeiro e sem insultos, a discussão sobre o que aconteceu às famílias separadas gerou o momento em que Joe Biden falou de forma mais veemente.


"Os filhos foram arrancados dos braços dos pais e separados e agora não conseguem encontrar mais de 500. Essas crianças estão sozinhas sem terem para onde ir. É criminoso", disse o candidato democrata.

"Não foram coiotes que as trouxeram, foram os pais. Foram separadas dos pais e isto tornou-nos objeto de chacota e viola todas as noções do que somos enquanto nação", criticou Joe Biden.


As crianças que foram separadas dos pais na fronteira dos Estados Unidos e que ainda não conseguiram a reunificação estão a ser "bem tratadas", contrapôs o Presidente, Donald Trump.

Um processo legal da União Americana de Liberdades Civis (ACLU, na sigla inglesa) indicou na quarta-feira que ainda há 545 crianças sozinhas porque as autoridades não conseguem localizar os pais, dos quais foram separadas à força quando pediram asilo nos Estados Unidos.


Negócios de um e de outro

Joe Biden defendeu as ações do filho Hunter Biden na Ucrânia e garantiu que nunca recebeu dinheiro de entidades de fora dos Estados Unidos, ao ser pressionado por Donald Trump.


"Se estas coisas são verdade sobre a Rússia, Ucrânia, China e outros países, então ele é um político corrupto", acusou Donald Trump. O Presidente referia-se às alegações de que o ex-vice presidente dos Estados Unidos ganhou dinheiro de forma ilícita num esquema com o seu filho Hunter Biden.


"Creio que você tem de esclarecer isto ao povo americano", insistiu Donald Trump, que também acusou Joe Biden de ter recebido 3,5 milhões de dólares (2,97 milhões de euros) da Rússia e referiu o cargo de Hunter Biden na Burisma, uma empresa de energia ucraniana, com possíveis conflitos de interesse.


Joe Biden respondeu que "nada foi antiético" na conduta do filho e lembrou que todas as pessoas que testemunharam perante o Congresso no processo de destituição de Donald Trump disseram que o vice-presidente fez o seu trabalho em relação à Ucrânia.


Biden contra-atacou dizendo que "a pessoa que se meteu em problemas na Ucrânia foi ele", apontando para Trump. "O meu filho não fez dinheiro com a China. Ele é que fez", continuou.


O candidato apontou para o facto de ter sido noticiado que Trump manteve uma "conta secreta" na China.

Questionado pela moderadora Kristen Welker, Trump justificou a conta bancária com o seu histórico de homem de negócios e voltou a apontar baterias à família Biden, caracterizando-a como "um aspirador" que "limpa dinheiro" em todos os sítios por onde passa.


Um debate à americana

Depois de um primeiro debate muito conflituoso a 29 de Setembro, a Comissão de Debates Presidenciais modificou as regras para cortar o microfone ao oponente quando um dos candidatos respondia às questões.

Apesar de algumas trocas na contra-argumentação, o debate desta madrugada teve poucas interrupções e foi considerado pelos comentadores como mais aproximado dos debates políticos tradicionais nos Estados Unidos.

Outros temas em destaque foram a economia, tensões raciais e política internacional, com os dois candidatos a acusarem-se mutuamente de ligações inapropriadas com a China e a Rússia.


Joe Biden chegou ao palco da Universidade Belmont, onde decorreu o debate, com uma vantagem de cerca de 10 pontos na média das sondagens nacionais, segundo a plataforma FiveThirtyEight. O democrata tem 52,1% das intenções de voto, contra 42,2% de Donald Trump. A eleição é a 3 de Novembro.


Apoiantes sempre presentes

Mais de uma centena de pessoas acompanhou até ao final o debate entre os candidatos, através de plataformas móveis, junto do edifício onde o mesmo decorreu.

Os apoiantes dos dois partidos concentraram-se na avenida Wedgewood, junto à entrada principal da universidade Belmont, durante toda a tarde até à entrada dos dois candidatos.


A limusina presidencial que transportava o Presidente norte-americano praticamente parou para Donald Trump saudar os apoiantes no portão da universidade.

O vidro escuro da viatura desceu e Donald Trump levantou a mão direita aos manifestantes.


Após o início do frente-a-frente entre Joe Biden e Donald Trump, as milhares de pessoas que se juntaram pelos passeios dos dois lados da avenida foram dispersando, não se registando incidentes apesar dos insultos constantes.


Com RTP e SIC

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