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Rita Almeida / RUM
Ariana Azevedo

Academia 18.04.2025 18H02

UMinho contribui para o novo Inventário Nacional de Património Geológico

Escrito por Ariana Azevedo
A Escola de Ciências da UMinho juntou-se ao Laboratório Nacional de Energia e Geologia para lançar o novo inventário que reúne cerca de 400 geossítios. Paulo Pereira, professor do Departamento de Ciências da Terra da ECUM e um dos coordenadores do 'GeoPortal', é o convidado do UMinho I&D.
Paulo Pereira, docente do Departamento de Ciências da Terra da ECUM, ao UMinho I&D:

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A Escola de Ciências da Universidade do Minho juntou-se ao Laboratório Nacional de Energia e Geologia para lançar o novo Inventário Nacional de Património Geológico.


Os cerca de 400 geossítios listados estão em acesso livre no GeoPortal e permitem compreender a evolução do nosso território, além de contribuírem para as políticas de ordenamento e de conservação da natureza. A lista agrega os inventários feitos nas últimas décadas pelas duas entidades promotoras e outros parceiros.


Em entrevista ao programa UMinho I&D, Paulo Pereira, um dos coordenadores do GeoPortal, explica que agregar todos os geossítios num só local com uma base “o mais completa possível” é importante “para quem gere o território, do ponto de vista do planeamento local, municipal, mesmo a nível nacional e da própria conservação da natureza”.


O portal é de acesso livre “para que todas as pessoas possam ter acesso à informação e perceberem o património do país para os quais existe ou foi atribuído um valor que deve ser considerado”, acrescenta.


UMinho já tinha estado envolvida no primeiro inventário do país


O primeiro inventário do país foi o portal Geossítios, pelo LNEG, mas não abrangia os arquipélagos dos Açores e da Madeira e dependia da submissão de propostas de geossítios. Entre 2007 e 2011, a ECUM coordenou o projeto “Identificação, caracterização e conservação do património geológico: uma estratégia de geoconservação para Portugal”, financiado pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia. Esse trabalho envolveu 70 cientistas de várias instituições e permitiu identificar 325 locais com geodiversidade de relevância científica nacional e internacional.


Os inventários do LNEG e da UMinho focavam territórios e metodologias distintos, o que gerava confusão para quem geria o território. Paulo Pereira descreve estes registos como não tendo “as mesmas características.” “Era um inventário que ia recebendo algumas propostas, alguns investigadores e essas propostas iam alimentando uma base de dado”, esclarece o também investigador do Instituto de Ciências da Terra.


“A ideia de criar um inventário único passa precisamente para gerar uma base de dados que não deixe dúvidas quanto à informação que existe sobre os sítios e quando as entidades necessitam de ter informação sobre o valor dos geossítios, recorrem apenas a uma base de dados e não a duas ou três como havia anteriormente e que gerava alguma confusão”, aponta ainda Paulo Pereira.


Cidadão ‘comum’ pode acrescentar dados ao Geoportal


Os geossítios estão organizados no portal em 26 categorias, segundo a metodologia preconizada pela Associação Europeia para a Conservação do Património Geológico e pela União Internacional das Ciências Geológicas.

Nesse inventário nacional pode pesquisar-se por nome, categoria, região (mapa interativo) e ter dados individuais como georreferenciação, acesso, descrição, regime de propriedade, vulnerabilidade e bibliografia.


O inventário atual vai continuar a ser atualizado mediante os locais propostos por peritos do LNEG, de universidades, de municípios, de geoparques, de empresas de geologia e dos próprios cidadãos, entre outros, por e-mail


O docente da UMinho elucida que “qualquer cidadão pode fazer uma proposta em teoria “ mas, depois de submetidos, “tem que haver uma validação dos geossítios”.

“O projeto está organizado de forma a que essa avaliação seja feita por especialistas dentro de cada tipo de geossítio”, sublinha Paulo Pereira. 


Para cada um dos 26 temas “que vão desde as rochas mais antigas até aspetos mais recentes” há “três coordenadores que são especialistas dentro desses temas. Esses coordenadores, para além de terem sido responsáveis nesta fase por validar os inventários anteriores, por propor as relevâncias específicas para cada geossítio, são agora responsáveis também por avaliar estas novas propostas. E por catalogá-las de acordo com o que são”, destaca.


“Sem geodiversidade não há biodiversidade”


Na conversa com a RUM, o investigador lembra que “sem os aspetos da geologia, da geodiversidade, não há biodiversidade, nem temos sequer os recursos para a nossa vida no dia a dia” e deixa ainda um dado curioso. “Para termos uma ideia, 100% do nosso telemóvel vem das rochas, tem que ser minerado”.


A conversa com Paulo Pereira pode ser ouvida em podcast.


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