Academia 13.06.2024 16H18
UMinho corta relações com instituições a favor da guerra e/ou do Hamas
Reitor da Universidade do Minho declara que "não pactuará nunca com posições antissemitas e nem abdicará do seu juízo crítico em relação à atuação dos países e organizações”.
A Universidade do Minho vai cortar relações com instituições Israelitas que se tenham manifestado a favor da guerra na Faixa de Gaza, mas também Palestinianas que apoiem as ações do Hamas. A posição foi apresentada pelo reitor da instituição, esta quarta-feira, em reunião do Senado Académico e aprovada por "largo consenso".
"Doravante, a Universidade não deve assumir projetos conjuntos com universidades israelitas que se manifestem a favor da continuação da guerra em Gaza, nem com universidades palestinianas que se manifestem a favor das posições e da atuação do Hamas", declara.
Além disso, a instituição de ensino superior minhota mostra-se disponível para, no futuro, "colaborar ativamente na reconstrução que vai ser necessária", nomeadamente, no que toca ao sistema científico e de ensino superior da Palestina.
Rui Vieira de Castro deixa claro, aos microfones da RUM, que enquanto for reitor “a instituição não pactuará nunca com posições antissemitas e nem abdicará do seu juízo crítico em relação à atuação dos países e organizações”. "Há aqui uma busca por uma posição de equilíbrio", frisa.
O responsável máximo da académia minhota frisa que a UMinho estará sempre empenhada na defesa do princípio da "dignidade humana" e mostra-se aberta a continuar a receber estudantes, docentes e investigadores das duas regiões para darem continuidade, na UMinho, às suas formações e trabalhos de investigação.
Quanto ao pedido dos mais de 80 docentes e investigadores que endereçaram, na passada terça-feira, um manifesto a exigir a retirada de bandeiras e insígnias de Israel dos campi da UMinho, o reitor admite que tem conhecimento de um caso, mas que a retirada desse símbolo cabe à unidade orgânica em questão.
Recorde-se que esta posição está em linha com a adotada perante a invasão da Rússia à Ucrânia.
Resolução do Senado Académico da Universidade do Minho sobre a Guerra em Gaza
1. O governo de Israel, em reação ao ataque terrorista do Hamas que teve lugar em 7 de outubro de
2023 e que vitimou centenas de civis israelitas, vem conduzindo ações de guerra generalizada em Gaza, com consequências devastadores para os setores mais frágeis da população civil, crianças, mulheres e idosos, provocando milhares de mortos, desalojando e forçando à sua deslocação a generalidade dos habitantes, destruindo inúmeras infraestruturas de suporte à vida das populações e também muitas universidades.
2. Israel vem atuando, de forma sistemática, em clara violação da Declaração Universal dos Direitos Humanos, tendo, em consequência, visto os seus atos condenados pelas Nações Unidas.
3. A UMinho, que se rege pelos valores das democracias liberais, acompanha esta condenação, como a de todas as violações dos direitos humanos. A condenação de Israel não pode, no entanto, confundir-se com posições contra a existência do Estado de Israel ou com posições antissemitas.
4. A UMinho, tal como previsto nos seus Estatutos, prossegue os seus objetivos baseada no respeito pela dignidade da pessoa humana e na sua promoção, projetando estes valores na sua ação.
5. Por conseguinte, a UMinho exprime a sua solidariedade com todas as vítimas do conflito na Faixa de Gaza, condenando, à luz do quadro de valores que é o seu, todos os responsáveis, estados e organizações, pelas ações conducentes ao sofrimento de inocentes.
6. A UMinho entende que a paz, bem como o diálogo e a cooperação entre os povos são as únicas vias capazes de promover um mundo mais desenvolvido e mais justo.
7. No quadro da sua estratégia de internacionalização, a UMinho mantém relações de colaboração académica e científica com universidades israelitas e palestinianas, convicta de que esta é uma forma de contribuir para a criação de condições promotoras da compreensão e da cooperação entre os povos.
8. Face ao aprofundar da violência e do desrespeito pelos direitos humanos a que se assiste em Israel e na Palestina, a UMinho não deverá assumir, no futuro, projetos conjuntos com universidades israelitas que se manifestem a favor da continuação da guerra em Gaza, nem com universidades palestinianas que se manifestem a favor do Hamas.
9. A UMinho manifesta a sua disponibilidade para colaborar ativamente no apoio à reconstrução do sistema de ensino superior e de investigação da Palestina.