Regional 02.10.2023 08H28
Urgência de cirurgia do Hospital de Barcelos encerrada em outubro
Em causa, a fala de médicos.
A urgência de cirurgia do Hospital de Barcelos está encerrada esta segunda-feira, uma contingência que deverá perdurar pelo mês de outubro. Os constrangimentos nesta unidade hospitalar deverão atingir também a urgência de medicina interna, que, a partir do próximo dia 7, deixa de estar aberta aos fins de semana.
Mas este não é caso único. Também na Guarda, em Chaves, Tomar, Santarém e Caldas da Rainha se atravessa uma situação de fecho de serviços de urgência. Com a recusa, cada vez mais generalizada, dos médicos em trabalhar para lá das 150 horas previstas na lei, há já outros hospitais do país a prever igual situação.
A falta de profissionais para preencher as escalas já levou ao fecho da Pediatria na urgência de Chaves durante toda a semana (entre 2 e 9 de Outubro) e ao encerramento da Cirurgia em Barcelos todo o mês de outubro.
Bastonário da Ordem dos Médicos fala em "situação de catástrofe”
Em entrevista à RTP3, no domingo, o bastonário da Ordem dos Médicos, Carlos Cortes, alertou para a situação que se vive em vários hospitais do país, considerando mesmo que o Serviço Nacional de Saúde está em ”situação de catástrofe”.
Carlos Cortes assinalou que os 1.500 médicos que se recusam a fazer mais de 150 horas extraordinárias anuais “cumprem integralmente com o seu horário de trabalho”.
A recusa em ultrapassar as 150 horas anuais de trabalho extraordinário é, na ótica do bastonário, “um ato de responsabilidade” que visa proteger os médicos, mas sobretudo a segurança dos próprios doentes.
O bastonário avisa que, esta semana, haverá utentes sem acesso a cuidados de saúde e que a “prestação de cuidados de saúde e a segurança dos doentes” está agora “nas mãos do Governo”.
São cerca de 25, segundo Carlos Cortes, os hospitais com dificuldades para dar resposta a especialidades como medicina interna, cirurgia, pediatria, cuidados intensivos, ginecologia-obstetrícia ou cardiologia.
Nas próximas semanas, insiste o responsável, vários hospitais “não vão conseguir dar uma resposta adequada”, a começar pelas urgências.
Em nota enviada à RTP, o Ministério da Saúde reafirmou o empenho em dialogar sobre medidas que garantam o pleno funcionamento do SNS, acrescentando que está agendada para a manhã da próxima quarta-feira uma reunião com o bastonário da Ordem dos Médicos.
c/RTP