Legislativas 2025 15.05.2025 12H47
Volt não promete novos mundos, mas competência para executar
Apresenta-se como um partido do centro, a alternativa entre a esquerda e a direita Portuguesa. Miguel Amador volta a ser o candidato pelo círculo eleitoral de Braga.
É um partido pan-Europeu, que surgiu em 2020 e que se apresenta como um partido de centro, uma “alternativa entre a esquerda e a direita” e que continua a sonhar com um objetivo que tem estado longe do horizonte: a eleição de um primeiro deputado na Assembleia da República.
Não prometem novos mundos, mas sim “competência para executar” e concretizar medidas que sistematicamente são identificadas, mas não saem do papel.
Miguel Amador, de 36 anos, é novamente o cabeça-de-lista pelo círculo eleitoral de Braga. O jovem partido arrecadou 11.858 votos nas eleições legislativas de 2024.
Na área da Educação, o Volt considera que preciso apostar numa rede de creches alargada e abrangente. E no ensino básico e secundário defende espaço para que se aposte noutras áreas que contribuem para a formação dos indivíduos. Recusam a retirada dos telemóveis, mas defendem uma aposta na transmissão de conhecimentos para que a utilização do telemóvel e da internet seja informada e correta.
“Eu acho que é uma vergonha um bocadinho como país evoluído que somos que quando se sabe que a criança vai nascer, perguntam «já tens a creche?» Porque é quase dois ou três anos à espera de um apoio social que de todo aqui mostra a falta de pensamento da sociedade que nós temos na nossa política, porque é uma falta de perceber o que é que falta”, começou por referir o candidato quanto à falta de creches em todo o país.
Por isso, o candidato refere que o partido “não está a prometer novos mundos”, apenas “um mundo muito diferente daquilo que se calhar o PS e o PSD prometem todos os dias”.
Defendem “competência e executar aquilo que muitas vezes é prometido e que fica por fazer, concretizar anos após anos”.
Diz que a concretização depende de “olhar para o conjunto e não só para as partes” apontando à resolução da “falta de recursos humanos e falta uma valorização para que haja pessoas suficientes para trabalhar nas creches”, nomeadamente.
Sobre a trajetória de imigração no nosso país, o Volt não hesita em identificar “falta de planeamento”, lembrando que o fenómeno já se registava anteriormente noutros países. Miguel Amador assinalou que Portugal “enfrenta desafios de um rejuvenescimento da população, graças à população imigrante que é muito bem-vinda”, apesar de não se ter verificado “nenhuma estratégia nos últimos anos que acomodasse essa capacidade das escolas, das creches”, nomeadamente.
No 1º e 2º ciclos, o Volt propõe menos horas em sala de aula e uma modernização do sistema a longo prazo.
“Hoje, no dia em que o AI quase nos dirige a vida em muitos casos, é cada vez mais necessário educar as crianças para um sentido crítico e não para o conhecimento. E não temos essa discussão a ser feita. Para quem vai assistir aos diferentes debates nunca se fala de educação e não se está a falar hoje como é que se vai preparar as crianças daqui a 10, 15, 20 anos para um trabalho que vai ser muito diferente a partir dos próximos anos e essa falta de visão do mundo que o Volt procura trazer”, sublinha também.
Por isso, “é importante o Volt estar no Parlamento”, para trazer para a discussão no Parlamento “assuntos que atualmente passam totalmente ao lado”.
A preparação dos recursos humanos é fundamental na visão deste partido. “Nós hoje estamos a discutir proibição de telemóveis na escola e não pensamos que as mesmas pessoas vão andar a fazer de polícias na escola, são aquelas que podem estar a ensinar as crianças a usar o telemóvel e ter um sentido crítico daquilo que trabalham, porque se não usarem na escola vão usá-los em casa e é muito nessa capacitação que novamente nós vemos ano após ano o crescimento de despesa, o maior investimento, mas não vemos de todo resultados práticos, porque estamos muitas vezes a meter dinheiro em cima da mesma forma de fazer as coisas e quem fala de educação, fala de saúde”, atira.
Volt propõe ano zero no ensino superior
Miguel Amador explica que a introdução do ano zero no ensino superior, que o seu partido defende, “não é uma novidade” e o que pretende é “capacitar e aumentar a maturidade dos jovens, por uma dinâmica que é muito mais do que o economicista, trabalhar, ter uma profissão, ter um ordenado, ter uma visão do mundo que muitas vezes é nessa idade que permite quando se vai para a universidade também se terá muito mais valor do que se aprende”. A participação cívica dentro e fora de Portugal, assim como “projetos de voluntariado que permitam experienciar algum tipo de desafios” resulta, “muitas vezes” na capacitação dos jovens.
Também no ensino superior público “falta estratégia”.
Na área da habitação, Miguel Amador esclarece que o Volt se “distingue bastante”. “Nós temos tido a habitação pública muito centrada naquilo que é os extremos da pobreza. Não pensámos como é que incentivamos, de facto, um crescimento urbanístico e fomentado por uma habitação pública que sirva à classe média e que, no fundo, dê resposta àquilo que é o grande desafio que nós temos hoje, que é a falta de oferta”.
O transporte público não tem de ser o transporte dos pobres
O Volt menciona também que o transporte público, seja autocarro ou comboio “não tem de ser o transporte dos pobres” criticando o estado atual com um exemplo próximo: “o facto de eu querer ir de Braga para o Porto e levar-me quase duas vezes mais do que ir de carro”. “Só há transportes públicos, se de facto o transporte público for a melhor solução para qualquer pessoa, não tem de ser o transporte dos pobres” e critica a lógica.
Outra das missões do Volt passa por dar resposta ao crescimentos dos extremismos. “Estamos a começar a perceber que estamos a ir demasiado para o extremo e o voto tem de destacar para quando muitos dos descontentes, antissistemas perceberem que não é nos extremos que está a solução, encontrem no centro uma alternativa àquilo que são partidos que não têm servido os portugueses nos últimos 50 anos e que não tenham de abdicar da sua visão para Portugal, não tenham de se comprometer com novas visões, mas que possam ter uma ambição de sermos um país europeu de primeira linha e não necessariamente sempre os pobres da Europa”, finalizou.
Miguel Amador tem 36 anos, reside na cidade de Guimarães, é mestre em Engenharia Biomédica pelo Instituto Superior Técnico de Lisboa, tem uma pós-graduação em Engenharia de Sistemas pelo Programa MIT Portugal, é também diretor de Inovação da Complear, uma empresa portuguesa especialista mundial nos processos regulatórios de software como dispositivo médico.