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Supercomputador BOB. Fotografia: Miguel Pereira/global Imagens
Vanessa Batista

Academia 08.03.2023 12H27

Dois anos depois, Deucalion será instalado no campus de Azurém

Escrito por Vanessa Batista
Projeto que previa a construção de um Polo Nacional de Supercomputação no Avepark continua em stand-by por falta de apoios.
Declarações à RUM do diretor do MACC – Minho Advanced Computing Center, Rui Oliveira.

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Dois anos depois, afinal, o supercomputador Deucalion será instalado no campus de Azurém e não no Avepark. A informação foi confirmada à RUM pelo diretor do MACC – Minho Advanced Computing Center.


Em 2020, tinha sido anunciada a intenção de desenvolver um projeto ambicioso, no sentido de construir um polo nacional de supercomputação, no Avepark.


O Município de Guimarães já adquiriu um edifício privado que cedeu à Universidade do Minho, assim como alguns terrenos, para a concretização do projeto. Ora, a falta de apoios financeiros tem impossibilitado o avançar da empreitada.


Aos microfones da Universitária, Rui Oliveira avança que as operações para a instalação do supercomputador Deucalion deverão ter início em Maio, sendo que a previsão é que até Junho, o supercomputador esteja operacional.


O supercomputador petascale ficará instalado num armazém perto da Escola de Ciências que esteja devoluto e, recentemente, foi adaptado para receber esta tecnologia de ponta. "Se ficará lá definitivamente ou não é algo que não lhe sei responder", refere. O investigador frisa que o mais importante é "não atrasar mais a instalação", visto que o BOB, primeiro supercomputador instalado em Portugal, em Riba d´Ave, está sobre grande pressão. De acordo com Rui Oliveira, a solicitação nacional ultrapassou a capacidade da máquina em quatro vezes.


De acordo com o docente, está prevista que 65% das solicitações para utilização do Deucalion sejam de investigadores nacionais e 35% por investigadores europeus.


"Esta é uma máquina muito particular, tem uma tecnologia que é única nos supercomputadores europeus e que é igual à tecnologia do segundo computador mais rápido do mundo que está no Japão. Isso desperta um interesse muito grande aos investigadores europeus no sentido de poderem usar uma tecnologia de ponta, da mais recente que há, na Europa. Portanto, julgo que os 35% que correspondem à utilização de investigadores europeus vai ser curto, visto que esta máquina está também vocacionada para o treino de modelos de inteligência artificial, para o qual o BOB não tem capacidade", explica. 


É estimado que o Deucalion consuma mais de um megawatt-hora, ou seja, o equivalente à quantidade de eletricidade usada por cerca de 330 casas durante uma hora. Recorde-se que o objetivo é que este supercomputador não venha a usar qualquer fonte de energia fóssil.



O que diz o Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior sobre o atraso do Deucalion? 


A instalação do supercomputador Deucalion, em Guimarães, previsto estar operacional no início de 2022, encontra-se ainda em fase de testes até Julho deste ano, explicou hoje o Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, justificando o atraso com “imponderáveis”.


Em resposta enviada à agência Lusa, o ministério diz que, inicialmente, o Deucalion, um investimento de 20 milhões de euros que deverá funcionar principalmente com recurso a energias renováveis, era para ficar no Minho Advanced Computing Centre (MACC), em Guimarães, distrito de Braga. Contudo, o ‘data center’ inicialmente previsto para acolher o computador "não ficou disponível a tempo de se implementar o projeto, levando à necessidade de determinar um novo edifício para acolher o Deucalion e à execução de obras necessárias para a sua adaptação, que requereram a realização de um concurso público para adjudicação, pelo que foram estes os fatores que mais contribuíram para o atraso”, explica o ministério liderado por Elvira Fortunato.


Além disso, refere o ministério, houve “atrasos no fornecimento de equipamento, resultantes das perturbações das cadeias de fornecimento que atualmente se verificam”, acrescentando que “todo este processo foi acompanhado e desenvolvido em estreita articulação com os responsáveis do consórcio europeu EuroHPC [European High-Performance Computing Joint Undertaking]”.


“O investimento na instalação do Deucalion é de 20 milhões, em que 35% do financiamento provém da União Europeia e os restantes 65% do orçamento da FCT [Fundação para a Ciência e Tecnologia], sendo que a última parcela do investimento será transferida apenas após o início de atividade o equipamento”, lê-se ainda na resposta enviada à Lusa.

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