Academia 12.03.2025 22H52
Pedro Arezes afirma que "a UMinho necessita de uma mudança de protagonistas"
Pedro Arezes, primeiro candidato da Lista B à representação de professores e investigadores no Conselho Geral da Universidade do Minho considera que o ciclo de mudança despertou de 2025 na instituição despertou um conjunto de pessoas na academia.
Pedro Arezes prefere que a lista B não seja classificada como uma lista opositora à atual maioria no Conselho Geral da UMinho ou à reitoria em funções. Afirma que a candidatura para representantes do corpo de docentes e investigadores "não é espontânea", mas que com um ciclo de mudança a aproximar-se "despertou um conjunto grande de pessoas da academia" que vê uma "necessidade de mudança de protagonistas". Foi uma espécie de ponto prévio do professor catedrático da Escola de Engenharia, na entrevista que concedeu à RUM a propósito das eleições para o CG e em que apontou várias falhas à atual liderança de Rui Vieira de Castro.
Das infraestruturas à renovação do corpo docente, passando pela necessidade de "colocar as pessoas no centro da universidade", Pedro Arezes considera que há espaço para tornar a UMinho "mais competitiva" e considera que é na sua equipa que surge a melhor hipótese.
"Esta lista não é de continuidade, claramente, não é uma lista de oposição a nada em concreto, é uma lista que se quer afirmar pelas suas próprias ideias mas não pode também deixar de ser crítica com aquilo que são as situações que considera menos bem conseguidas daquilo que foi o passado recente da Universidade do Minho", responde. Segundo o rosto da lista B, o movimento recebeu mais de 500 contributos para a elaboração programa que submete a este sufrágio.
Sobre o funcionamento do Conselho Geral, os apontamentos das duas candidaturas estão alinhados. A lista B defende uma condução dos trabalhos diferente, mas que "não retire capacidade de discussão". "Foi para nós muito claro, entre as pessoas que já participaram do conselho geral ou aquelas que estão mais atentas e foram assistindo a todas as reuniões, aqui ou ali houve reuniões que, de facto, se estenderam de forma absolutamente inaceitável", critica, defendendo por isso um modelo mais prático e ágil que evite reuniões prolongadas que são, à partida, um primeiro ponto para afastar eventuais membros externos em caso de convite.
"A dificuldade financeira não é razão para tudo"
Um movimento constituída por pessoas que olham para a UMinho como "uma universidade de grande valor, com um passado que orgulha, referência nacional e internacional", mas que identificam nos anos mais recentes "imobilismos, alguma ineficiência do ponto de vista da sua organização". É daí que diz surgir a necessidade de "mudança" que possa trazer "um ar mais ágil, mais moderno, mais desempoeirado" à academia minhota. Propõe uma renovação do corpo docente, assim como "investimento em infraestruturas e equipamentos que tragam a UMinho para o presente e a deixem preparada para um futuro cada vez mais desafiante e menos previsível".
As dificuldades financeiras que a Universidade do Minho atravessou não são, no entanto, argumento suficiente e Pedro Arezes admite que "o cenário foi ficando melhor" mas não trouxe respostas aos diferentes problemas.
"Foram opções de gestão, foram opções de crescimento ou não da Universidade que levaram em determinados momentos a situações que depois são complexas de resolver e estou a pensar, obviamente, nos recursos humanos que, aliás, nos parece claro ter que ser o foco da nossa candidatura". Para Pedro Arezes, na academia minhota é visível o "desânimo" nas pessoas, resultado de "falta de atenção pessoal, individual", algo que a sua equipa "gostaria de recuperar".
Pedro Arezes lamenta também a necessidade de "renovação quase forçada", porque não foi feita de forma gradual. Defende "agilidade nestes processos", alertando que o envelhecimento não é apenas a questão de saída. "Quando aquelas pessoas saem, de facto, temos que as substituir rapidamente, mas isto está ligado também a outras questões, nomeadamente o facto de sermos muito lentos nessa substituição. O que significa? Se decidirmos substituir uma pessoa que sai hoje, ela só entra daqui a um conjunto grande de meses e para não dizer um ano, por exemplo. Eesse período de transição é um fosso que nós não conseguimos recuperar, porque se perdem os vínculos da pessoa que sai e perde-se a base de apoio, de recepção da pessoa que entra", argumenta.
"Falta de atenção" à degradação dos edifícios
No caso da infraestrutura e edificado, o candidato da Lista B alerta que "a maior parte dos edifícios apresenta problemas infraestruturais graves que decorreram de um longo período sem manutenção". "Acredito que a dificuldade financeira possa ter impedido um crescimento do edificado, por exemplo, como hoje necessitamos, mas na questão da manutenção foi, obviamente, uma falta de atenção à degradação dos edifícios que nos conduziu a uma situação que hoje é insuportável em alguns casos", critica.
Simplex UMinho para eliminar processos desnecessários e recuperar comunicação interna que é hoje "inexistente"
O crescimento da Universidade do Minho ao longo dos anos tornou a organização "mais burocrática, complexa e de difícil gestão". Uma matéria evidenciada pela candidatura da lista B que não compreende que a UMinho permaneça "com as mesmas ferramentas" de quando era "muito mais pequena e mais simples".
Daí que o investimento numa "simplificação administrativa" com atualização de ferramentas que sejam "bem desenhadas" permitam, no futuro, reduzir a complexidade destes procedimentos. "Por exemplo, a Universidade do Minho tem mais de 150 portais. Nós não conseguimos encontrar a informação de forma razoável (...) portanto, nós temos ferramentas diferentes em vários serviços, temos plataformas que não são atualizadas há muito e isso tem que acabar, de facto", acrescenta para logo depois constatar que "do ponto de vista interno, não há comunicação".
Ativar e dinamizar o Conselho Cultural da Universidade do Minho
Outra crítica apontada pela lista B é dimensão cultural da institiuição. Recusa criticar que foi passando pelo Conselho Cultural, mas considera que nos últimos anos "caiu no imobilismo por falta de recursos", daí que proponha a dotação de "meios e recursos" para desenvolver o seu papel no seio da UMinho.
A Lista B liderada por Pedro Arezes candidata-se aos 12 lugares reservados para representantes de professores e investigadores. Pela frente terá a lista A, liderada por Eugénio Campos Ferreira.
Recorde-se que o Conselho Geral é o órgão colegial máximo de governo e de decisão estratégica da Universidade, vinculando a sua ação à realização da missão da Universidade e à prossecução do interesse público, de acordo com o estabelecido no artigo 28.ᵒ dos Estatutos.
Nos termos do disposto no artigo 30.ᵒ dos Estatutos, o Conselho Geral é composto por 12 representantes de professores e investigadores; quatro representantes de estudantes; um representante do pessoal não docente e não investigador e seis personalidades externas de reconhecido mérito. O seu presidente é eleito por maioria absoluta, de entre os seus membros externos.
A campanha eleitoral termina no dia 17 de março, segunda-feira, data em que a RUM modera o último debate entre os dois candidatos. Um debate agendado para as 17H30 no Campus de Gualtar, com transmissão em direto na antena da Rádio Universitária do Minho.
A eleição do futuro Conselho Geral da UMinho acontece em 19 de março, através da plataforma evotUM.
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