Desporto 15.08.2023 12H53
Polémica sem fim à vista no terreno onde o grupo Supera quer instalar equipamento desportivo privado
Entretanto surgem novas declarações públicas da vereadora do Desporto. Presidente da Junta de Freguesia de S. Victor reage e associação de moradores quer reunião no local com Ricardo Rio.
Prossegue a polémica em torno do terreno que vai acolher um edifício do grupo Supera, em Braga. Entretanto, foi a vereadora com o pelouro do Desporto, Sameiro Araújo, que esta segunda-feira recorreu às redes sociais para comunicar aos cidadãos detalhes do processo que integrou tendo em vista a instalação deste equipamento desportivo de caráter privado numa zona verde, propriedade do Município de Braga, e que em 2015 tinha sido denominada pelo vereador do Ambiente como um “novo pulmão verde da cidade de Braga”.
Numa nota a que a RUM teve acesso através do perfil da vereadora, Sameiro Araújo lança críticas ao presidente da Junta de Freguesia de S. Victor, Ricardo Silva, dando a entender que o mesmo mentiu e omitiu informação aos moradores da Rua Luis Soares Barbosa, entre o Braga Parque e o Retail Center. Entretanto, o autarca independente rinha reagido no fim-des-semana com um comunicado em que esclarecia os contornos e sublinhava ter recebido pouca informação sobre este dossier. Já o grupo de moradores voltou a responder a Ricardo Rio, questionando algums pontos levantados no esclarecimento que o mesmo tornou público e a reafirmar o convite para uma reunião no local, já que o mesmo não fez qualquer menção apesar do pedido inicial.
Vereadora do Desporto diz que presidente da junta de S. Victor "nunca se mostrou desagradado"
Sameiro Araújo sustenta que relativamente à construção de um Complexo Desportivo "têm surgido recentemente informações que não correspondem à realidade dos factos". Diz que a junta de freguesia de S. Victor foi "envolvida no processo", faz menção a uma reunião com o presidente da Junta a 9 de novembro de 2018 e diz que Ricardo Silva "apenas ressalvou a necessidade de ser acautelados lugares de estacionamento". Nota que "nunca durante a reunião o Presidente da Junta se mostrou desagradado ou contra esta construção, pelo contrário saudou estar salvaguardada a possibilidade de crianças da freguesia poderem usufruir do futuro Complexo Desportivo".
Assinalando que depois dos desenvolvimentos normais deste processo voltou a reunir com o presidente da junta de freguesia a 15 de fevereiro de 2019, Sameiro Araújo acrescenta que foram divulgadas imagens do futuro complexo e dada a conhecer a proposta vencedora, novamente sem qualquer manifestação contrária do autarca.
A vereadora do Desporto vai mais longe e sublinha que "nunca, em reuniões ou momento algum, foi solicitada pela Junta de Freguesia um estudo hidrológico do local, de tráfego ou um qualquer acordo parassocial".
"Como já é público a Junta de Freguesia votou favoravelmente aquando a desafetação que viabilizaria a concessão. Apesar de não ter sido o Presidente da Junta a participar nessa reunião da Assembleia Municipal, nunca se demarcou desta posição pelo que seguramente essa seria a sua posição no momento. Quaisquer outros argumentos ou explicações que possam novamente surgir em comunicados ou posts nas redes sociais não passam de fabulações de quem carece de tricas políticas para conseguir a relevância política que não consegue alcançar no desenvolvimento do seu trabalho. A defesa do interesse público e das comunidades está na tomada de decisão com base em critérios sérios e rigorosos e não em surfar a onda da contestação, comportamentos estes que infelizmente já não são primários", conclui.
Ricardo Silva desafia Ricardo Rio a reunir no local com os moradores, acusando-o de se refugiar em comunicados
Recorde-se que no fim-de-semana e na sequência de um esclarecimento do presidente do município de Braga ao grupo de moradores tornado público no Facebook, Ricardo Silva, presidente da Junta de S. Victor, negava algumas das acusações do executivo liderado pela coligação Juntos por Braga. Sublinhava que ao contrário do anunciado,
"a Junta de Freguesia de S. Victor não esteve envolvida desde a primeira hora" e que tinha "solicitado o acesso ao estudo hidrogeológico do local, para perceber se afetava a ribeira do Pinheiro ou de S. Victor, afluente do Rio Este". Pediu ainda informação sobre "o impacto do trânsito automóvel naquele local já pressionado e onde o estacionamento é reduzido, investindo na requalificação da Rua Luís Soares Barbosa" além de uma forma de "estabelecer uma espécie de acordo parassocial com a entidade promotora, para que os cidadãos residentes na Freguesia de S. Victor, pudessem ter algum benefício direto com aquele empreendimento".
Aliás, o autarca independente considerava ainda "curioso" que a empreitada de requalificação da Rua Luís Soares Barbosa solicitada pela junta e moradores há cinco anos decorra decorra "justamente nesta altura", em que se prepara a construção deste equipamento privado.
"O levantamento hidrogeológico nunca, em momento algum, nos foi facultado, pelo que nunca foi possível a Junta de S. Victor perceber se havia afetação ou não dos lençóis de água", notou. Ricardo Silva acusou ainda Ricardo Rio de "atropelar" o trabalho do vereador do Ambiente, Altino Bessa, que, em 2015, defendeu a criação de um novo pulmão verde da cidade. Ricardo Silva sustena também que em 14 de dezembro de 2018, na reunião da Assembleia Municipal de Braga, quem representou a Junta de Freguesia de S. Victor não foi o Presidente da Junta, mas sim um elemento do Executivo, militante do mesmo partido do Presidente da Câmara.
No comunicado, o presidente da junta de S. Victor pede ainda "coragem e sensatez" ao presidente da câmara, Ricardo Rio para aceder ao pedido dos moradores e reunir presencialmente com eles, em vez de se "refugiar em comunicados".
Moradores voltam a solicitar uma reunião presencial com o presidente do Município de Braga
Na noite desta segunda-feira, num comunicado enviado à RUM, o coletivo de Moradores da Rua Luís Soares Barbosa dá conta de uma nova carta enviada ao presidente do município de Braga, já que na resposta ao pedido de esclarecimento, Ricardo Rio não disse se aceitava ou declinava o convite para uma reunião com os moradores no local. Entendem que "a discussão deste assunto está longe de estar esgotada", e exigem ao mesmo a clarificação de um conjunto de questões.
Rejeitam a ideia de "um espaço pouco apriveitado" e lembram que o município de Braga nunca investiu em qualquer equipamento para o local, ainda que muitos dos moradores o utilizem, nem investiu na proteção face à envolvência de vias com elevado tráfego automóvel. Recusam ainda que as observações levantadas sejam "extemporâneas" já que a população local "nunca foi auscultada". "Para um município com ambições a Capital Europeia da Democracia, consideramos que deve ser feito muito mais para promover a cidadania ativa e participativa e o envolvimento da população nos processos de decisão. A comissão de moradores reagiu no tempo em que lhe foi possível perceber o que se passava, ou seja, quando foi colocado um cartaz no espaço verde que informa a construção do complexo da Empresa Supera, embora o cartaz também não informe o local do mesmo", atiram.
No passado dia 8 de agosto a RUM lançou uma reportagem sobre este assunto, ouvindo moradores, presidente da Junta de S. Victor e presidente do Município de Braga. Dois dias depois, Ricardo Rio divulgava a resposta ao pedido de esclarecimento que os moradores lhe tinham endereçado.