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RUI GAUDÊNCIO
Elsa Moura

Regional 13.03.2025 16H30

Ricardo Rio recorda Miguel Macedo como “político excecional”

Escrito por Elsa Moura
Presidente do Município de Braga, eleito pelo PSD, assinala percurso de Miguel Macedo e regresso recente à vida pública.
Ricardo Rio assinala percurso político e caráter conciliador de Miguel Macedo

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"Um político excecional, com grande sentido de serviço à causa pública”. É assim que Ricardo Rio, presidente do Município de Braga, recorda o social-democrata bracarense, Miguel Macedo, que faleceu esta quinta-feira aos 65 anos.

Miguel Macedo foi candidato à Câmara Municipal de Braga em 1993, vereador de 1993 a 1997 e deputado municipal em diversos mandatos. Eleito pelo círculo de Braga, foi deputado à Assembleia da República em diversas legislaturas, secretário de Estado da Juventude e Secretário de Estado da Justiça, líder parlamentar do PSD e, entre 2011 e 2014, Ministro da Administração Interna.


Em declarações à RUM, o autarca que privou pela última vez com Miguel Macedo este sábado, em Braga, na apresentação de um livro do socialista José Luís Carneiro, recorda o percurso de Miguel Macedo que estava aos poucos a regressar à vida pública mencionando que "era claramente um dos melhores entre os melhores". 

"Foi um político absolutamente excecional, sempre com grande sentido de serviço à causa pública, de dedicação, de grande competência, de grande serenidade, de abertura ao diálogo. Foi essa sempre a sua imagem de marca em cargos partidários, em cargos governativas. É uma perda irreparável que Braga tem, que o Partido Social Democrata tem, ainda por cima num contexto de reabertura do seu envolvimento público que seria muito bem-vindo e muito útil para todos os contextos", descreve.


"Perdemos, na altura, porventura o melhor ministro que estava em funções e alguém que poderia seguramente assumir e aspirar a todo e qualquer lugar"

Em novembro de 2014, Miguel Macedo demitiu-se do cargo de ministro depois de o Ministério Público lhe imputar o alegado favorecimento de um grupo de pessoas que pretendia lucrar de forma ilícita com a atribuição de vistos gold, realizando negócios imobiliários lucrativos com empresários chineses que pretendiam obter autorização de residência para investimento. Acabaria por ser absolvido em 2020 pelo Tribunal da Relação Lisboa. Antes, em 2019, tinha sido ilibado em primeira instância de três crimes de prevaricação de titular de cargo político e um de tráfico de influência. "Foi a resposta às canalhices que me fizeram nos últimos quatro anos", disse Miguel Macedo na altura, depois de ter sido absolvido.

Este caso fê-lo retirar-se da vida política. Mais recentemente tornou-se comentador de um programa de política na CNN e regressou à distrital de Braga do PSD.


Questionado sobre este regresso "suave" à vida pública como um sinal de "paz" com o passado, Ricardo Rio ressalva a "dificuldade em recuperar de um processo em que alguém que é tão injustiçado como Miguel Macedo foi". "É preciso lembrar que ele foi vilmente atacado, criticado e julgado publicamente e depois acabou por ser demonstrado que a sua conduta foi sempre pautada por uma grande retidão e, nesse sentido, perdemos durante muito tempo o seu envolvimento público, perdemos, na altura, porventura o melhor ministro que estava em funções e alguém que poderia seguramente assumir e aspirar a todo e qualquer lugar do ponto de vista público e político", analisa.


Miguel Macedo foi candidato do PSD à Câmara Municipal de Braga em 1993. No último ano ainda se mencionou localmente a possibilidade de uma candidatura ao Município de Braga pelo PSD. Ricardo Rio considera que "teria sido uma excelente opção", mesmo considerando que "no tempo mais recente essa possibilidade não lhe tivesse passado nas perspetivas futuras".


Na Assembleia da República, o também bracarense Hugo Soares, líder da bancada parlamentar do PSD, recordou de forma emotiva Miguel Macedo, figura com quem privou e cresceu politicamente a partir de Braga até chegar a Lisboa.


Entretanto, o Presidente da República também reagiu "com muita consternação" à notícia do "falecimento repentino de Miguel Macedo".


"Com profundas raízes minhotas, Miguel Macedo revelou uma preocupação permanente com a realidade nacional e internacional e granjeou o respeito e a consideração nos mais variados setores da vida portuguesa. Quer nos momentos mais felizes de uma longa atividade, quer naqueles em que enfrentou situações adversas, sempre com resistência e afabilidade raras", pode ler-se na nota oficial no site da presidência.

"O Presidente da República apresenta à Família os seus sentidos pêsames, inseparável de uma antiga amizade", finaliza a nota assinada por Marcelo Rebelo de Sousa.

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