Autárquicas 2025 09.07.2025 07H00
Spinumviva. “Foi uma tentativa de me misturar numa confusão que não existe”
Pela primeira vez desde que o caso saltou para a comunicação social, João Rodrigues falou sobre a Spinumviva, o trabalho da esposa naquela empresa e a ligação do grupo empresarial do pai à antiga empresa do primeiro ministro.
João Rodrigues, o candidato da coligação Juntos por Braga à Câmara Municipal nas autárquicas do próximo mês de outubro, falou pela primeira vez publicamente sobre o caso Spinumviva. Na primeira grande entrevista na RUM na qualidade de candidato, João Rodrigues refere que a associação do seu nome, do pai e da esposa não passou de "uma tentativa desenquadrada" de o "misturar numa confusão que não existe", admitindo que é até candidato à Câmara de Braga contra a vontade dos próprios pais que "pagariam", mas para que não entrasse na corrida eleitoral.
Na noite desta terça-feira, no Campus Verbal, o candidato de 37 anos afirmou que houve um "oportunismo" quanto à relação profissional de mais de dez anos do grupo empresarial do pai com o atual primeiro ministro, através da Spinumviva.
"A verdade é que ao longo de todos estes meses há muitas insinuações que foram feitas, há dados que são conhecidos e que as pessoas interpretam a seu bel-prazer, mas a verdade é uma, eu nunca, em momento algum, fui questionado o que quer que fosse acerca deste assunto, nem eu publicamente falei acerca dele. E ainda bem que a Elsa me coloque esta pergunta para eu poder falar sobre este assunto que tem um sem número de conclusões a que podemos chegar. Já percebemos que quando se tenta levantar suspeitas, e a mim tentam-me relacionar a pessoas que aparentemente têm cargos de poder e que insinuam ao mesmo tempo que essas relações é que me trouxeram até aqui. O meu processo de escolha foi o único processo dos candidatos à Câmara de Braga verdadeiramente democrático de escolha de um candidato", começa por evidenciar.
"Ter trabalhado com alguém que agora é primeiro ministro é cadastro?" - questiona o social democrata
"O meu pai pagava era para eu não ser candidato e a minha mãe pagava em dobro"
O social democrata prossegue afirmando que a mulher trabalha há mais de dez anos e que quando começou a trabalhar na Spinumviva, Luís Montenegro estava longe de ser primeiro ministro. "Não sei o que é que as pessoas acham que deve ser a vida de um político, ou o que é que deve ser a vida da família de um político. A minha mulher, felizmente, trabalha. Se calhar muita gente esperaria que a minha mulher tivesse um emprego numa Câmara Municipal qualquer, ou que não trabalhasse para tomar conta dos filhos em casa, pois a minha mulher trabalha desde o primeiro dia em que acabou o curso na faculdade, há mais de dez anos. É uma pessoa extremamente trabalhadora, e teve a sorte, o acaso, pelas relações pessoais que se estabelecem e que são normais na vida das pessoas, de a determinado momento, começar a trabalhar à altura com a pessoa que é hoje Primeiro-Ministro. Agora, eu, muito honestamente, eu questiono-me, trabalhar ou ter trabalhado com alguém que hoje é Primeiro-Ministro é cadastro, ou há algum problema nisso?", atira.
Já sobre a empresa do pai, onde nunca trabalhou, refere que a mesma tem relações profissionais "há mais de uma década" com a Spinumviva assim como com muitos escritórios de advogados.
Levantando interrogações sobre o facto de o primeiro cliente público a ser "explorado" tenha sido o do grupo empresarial do próprio pai, considera que tal não aconteceu "por acaso". Ainda que não fale em perseguição política, diz que "houve oportunismo" e conclui o assunto declarando que os pais preferiam que não fosse candidato.
"As pessoas se me conhecessem bem, se conhecessem bem a minha família, sabiam uma coisa, o meu pai pagava era para eu não ser candidato à Câmara de Braga. E diria mais: a minha mãe pagava em dobro, e portanto, quem me conhece, quem nos conhece, sabe que esta história não tem qualquer tipo de fundamento, foi uma tentativa absolutamente desenquadrada de me tentar misturar numa confusão que não existe", finalizou.
Nesta mesma entrevista à RUM, João Rodrigues explica as motivações para se candidatar a presidente da Câmara Municipal de Braga, detalha algumas das propostas, fala sobre os restantes candidatos já conhecidos e explica o que tentará fazer com o Estádio Municipal de Braga caso seja eleito no próximo dia 12 de outubro.