O presidente da Câmara de Guimarães defende que a ligação do concelho a Braga e à eventual estação ferroviária de alta velocidade deve ser feita por tramway - o chamado metro de superfície - e por metrobus no interior do território vimaranense.

Domingos Bragança abordou ambas as hipóteses depois de o futuro da mobilidade em Guimarães ter sido debatido na reunião de executivo desta segunda-feira, na sequência da recente entrada em discussão pública do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) do Governo.

O debate iniciou com as críticas do PSD ao município pela ausência de qualquer referência no PRR à ligação de alta velocidade entre Guimarães e Braga, apesar de no plano existir a indicação que há 200 milhões de euros previstos para o "desenvolvimento de transportes coletivos entre cidades de média dimensão". 

A exclusão levou o vereador social-democrata Bruno Fernandes a acusar a autarquia de "não fazer o trabalho de casa" e de contribuir para "Guimarães ver passar o comboio", referindo que o PRR afasta "projetos que não tenham maturidade e que não estejam fundamentados com estudos".

Na resposta às críticas, o presidente da Câmara, Domingos Bragança, desvalorizou a exclusão de Guimarães no PRR e lembrou que o Plano de Nacional de Investimentos (PNI) para 2030 já prevê a ligação entre as duas cidades.

O autarca foi mais longe e lançou a hipótese de o concelho poder vir a ser um eixo de ligação de alta velocidade entre o interior e o litoral do país. "Guimarães pode ser o grande portal de entrada de todos os municípios do interior e dos eixos rodoviários e ferroviários europeus, ligando ainda aos eixos ferroviários do litoral do país", afirmou.

Domingos Bragança explicou ainda que está prevista a construção de uma estação ferroviária de alta velocidade, que deverá ficar instalada num local entre Guimarães, Braga, Famalicão e Barcelos, concelhos que constituem o quadrilátero urbano. Para a ligação de Guimarães a essa estação e ao concelho de Braga, o autarca defende o tramway. Para a ligação no território concelhio, o socialista propõe o metrobus.

Para fazer cumprir os dois projetos, Domingos Bragança desvendou que o município vimaranense já encomendou dois estudos, um à Universidade do Minho para a ligação interconcelhia, e outro ao especialista da Universidade do Porto, Álvaro Costa, para a ligação intraconcelhia.

Sobre o financiamento dos projetos, o autarca do PS prevê que seja feito através do Programa Operacional Europeu 2030 e que "sejam necessários cerca de 300 milhões de euros" num prazo de dez anos, o que "representará um esforço de cerca de 60 milhões da contrapartida nacional", num esforço anual de "6 milhões de euros".