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Fotos: Feira Do Livro de Braga/Facebook
Pedro Magalhães

Cultura 20.07.2021 07H00

"Se soubesse que ia ser assim não tinha vindo". As críticas dos livreiros ao local da Feira do Livro

Escrito por Pedro Magalhães
Entre a fraca afluência e baixa venda de livros, os livreiros e alfarrabistas queixam-se sobretudo do facto de a Feira no Altice obrigar os visitantes a deslocarem-se propositadamente ao local.
A opinião dos livreiros e alfarrabistas à localização da Feira do Livro.

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A localização da Feira do Livro de Braga deste ano, o Altice Forum Braga, está a gerar descontentamento entre alguns dos livreiros e alfarrabistas presentes no certame.


Entre a fraca afluência e a baixa venda de livros, os livreiros e alfarrabistas queixam-se sobretudo do facto de a Feira no Altice obrigar os visitantes a deslocarem-se propositadamente ao local, em vez de serem confrontadas com os livros nas ruas da cidade.


"Já disse à organização: se soubesse que ia ser assim não tinha vindo", diz à RUM Paula Cântara, proprietária da Varadero Alfarrabista, que sofreu uma quebra de 80% na faturação quando comparada com a última edição presencial da Feira do Livro, em 2019.


"É uma desilusão, não há gente e as vendas são mínimas", refere a alfarrabista do Porto, vincando que a perspetiva do município de haver maior procura por causa do processo de vacinação contra a Covid-19 em curso no Altice "também não acontece".


Para Paula não há explicação para a feira não decorrer nas ruas do centro da cidade: "Não acho que esteja mais segura aqui do que na rua e as feiras de Porto, Viana do Castelo e Barcelos vão ser ou foram realizadas na rua", lamenta.


Também Denise Swertz, da Livro Lido Alfarrabista, é da opinião de que "no centro da cidade" seria possível ter um evento seguro com "máscara e álcool gel à entrada dos expositores", assinalando que, nesta época do ano, "o centro está lotado, com pessoas que andam de máscara". 


Sobre as vendas, a alfarrabista que marca presença física pela primeira vez no evento bracarense, já depois de ter vendido livros na edição online do ano passado, reconhece que "estão abaixo das expetativas" mas considera, ao contrário de Paula Cântara, que "o processo de vacinação tem ajudado" a uma maior afluência.


À entrada da grande nave do Altice, seja com destino à Feira ou apenas à vacinação, é obrigatória a validação de um bilhete. Entre o primeiro dia da Feira, 9 de julho, e o passado domingo, dia 18, o Altice recebeu 19.823 pessoas, informou a organização à RUM, não estando discriminado o número de pessoas que entram para a Feira ou que vão apenas tomar a vacina.


António Correia, da Livraria Minho, considera que a Feira "sem dúvida beneficia" da vacinação e reserva elogios à logística do Altice: "Aqui está tudo muito bem controlado e a higienização é excelente", diz, admitindo, no entanto e à semelhança de Paula e Denise, que a venda de livros no centro da cidade resulta "em maior afluência do público, que passa pela feira, vê os livros, e compra por instinto". 


O responsável lembra que "aqui, o público tem forçosamente de vir para vir à Feira do Livro", numa ideia corroborada por João Marques, da Untold Stories, uma livraria especializada em Banda Desenhada.


"Aqui as pessoas têm de se deslocar mais para virem à Feira, enquanto que no centro da cidade há muita passagem de pessoas. Além disso, não há turistas", diz o responsável, vincando, ainda assim, que as vendas na Feira estão a ser semelhantes às registadas em loja.


Já Carla Marques, da UMinho Editora, assinala que o evento na rua "seria melhor" do que no Altice porque, no exterior, "o vírus não se propaga tanto", criticando também os horários da feira, que estabelecem o funcionamento entre as 15h e as 22h entre segunda e quinta-feira, as 15h e as 22h30 à sexta, as 10h e as 22h30 ao sábado, e as 10h e as 20h ao domingo.


"A maior afluência é sempre de manhã e a Feira, à semana, só abre à tarde. Não se nota afluência, só quando há apresentações e tertúlias mais interessantes", aponta.


A Feira do Livro de Braga está também presente no online, através da plataforma Dott, e, segundo a organização, registaram-se 11 mil visitas entre os dias 9 e 18. O evento prossegue, no online e no presencial, até dia 25.

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